Horas após o “quase” confronto entre proprietários dos terrenos em Branquinha e membros do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), a prefeita do município, Renata Moraes, afirmou que não poderia receber os sem terra em condições sub-humanas e responder por problemas posteriores.

Após a decisão judicial que concedeu uma liminar ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que retirava os membros do MTL da praça Sinimbu, onde estavam há 1 ano e 5 meses, os sem terra foram encaminhados para a zona rural da cidade de Branquinha, onde na manhã desta sexta-feira chegaram e retornaram, afirmando que teriam sido rejeitados pela prefeita e coagidos pelos proprietários do terreno, que estariam armados.

A reportagem do CadaMinuto, entrou em contato com a prefeita, Renata Moraes, que esclareceu a situação, afirmando que não poderia aceitar os membros do MTL nas condições sub-humanas do local onde iriam se instalar.

“Não tenho nada contra a questão social do movimento, mas pela questão estrutural da cidade, eu não poderia aceitar essas 27 famílias, em um local sem água, sem luz, sem condições de receber essas pessoas e depois ter de arcar com os prejuízos”, disse.

Segundo a prefeita, nada foi acertado previamente com o município, que foi pego de surpresa com a região. Renata Moraes ainda afirmou que a questão da saúde é um dos principais pontos de preocupação do município e também para não aceitar as famílias.

“Desde de 2010, quando sofremos com a enchente, não temos um posto de saúde. O trabalho tem sido feito numa barraca, mas com muito esforço dos profissionais. Um acampamento desse, com 27 famílias, sendo idosos, crianças e gestantes, seria um absurdo colocá-los numa área daquela”, afirmou.

Sobre a acusação de que os donos dos terrenos estariam armados, a prefeita refutou a possibilidade e afirmou que as pessoas estavam apenas cuidando de suas propriedades. “Essas pessoas são donas daqueles terrenos. Elas apenas ficaram esperando os membros do movimento. Se tinha alguém armado eu não vi, mas posso lhe dizer que não houve problema, até porque eles (MTL) desceram dos caminhões e viram que não tinha condições nenhuma de ficar naquela local”, afirmou.

Segundo a prefeita, os sem terra desejam um lugar permanente, o que não é o caso deste terreno em Branquinha, que ainda terá a situação regularizade. A prefeita afirmou ainda, que não sabe o que será feito com as famílias, mas que se colocou á disposição do Incra, para receber as famílias em alguma região da cidade, onde as condições seriam outras e até banheiros químicos poderiam ser instalados. Porém, esta recepção seria num período determinado, provisório, de no máximo 30 dias.