A situação das manifestações na Escola Estadual Fernandes Lima, localizada no Sítio São Jorge, pode tomar um rumo diferente da solução esperada pelos alunos que participaram, na manhã de ontem (23), de uma movimentação em frente à unidade. Durante o protesto os alunos pediram o retorno da ex-diretora da escola, Fabrícia Cerqueira, afastada do cargo após denúncias.

Porém, representantes da 13ª Coordenadoria Regional de Educação afirmaram, em entrevista ao CadaMinuto, que ex-diretora está envolvida nas manifestação manipulando os alunos contra a interventora da unidade, Patrícia Ramalho. A escola está passando por um processo de intervenção, que deverá durar um prazo mínimo de 60 dias, até que todas as denúncias apresentadas contras a ex-diretora sejam apuradas.

“Nós só temos a lamentar que a ex-diretora não esteja entendendo o processo de intervenção e está se utilizando dos alunos para tentar se beneficiar. Mas não será uma manifestação de forma violenta que irá pressionar a secretária a rever essa questão”, afirmou Alessandra Pedrosa, coordenadora da 13ª CRE.

Alessandra esclareceu que o afastamento da ex-diretora do cargo foi baseado em denúncias apresentadas pela comunidade escolar e que a intervenção não se trata de uma questão pessoal. “Há três dias os alunos estão sendo excitados a promover a manifestação, mas somente ontem eles decidiram fechar a rua. Nas imagens que foram vistas por algumas pessoas da secretaria de educação ficou clara a participação da ex-diretora”, colocou.

A coordenadora garantiu que as acusações feitas pelos alunos durante a paralisação serão apuradas, assim como será dado o andamento no processo de intervenção. A ex-diretora está sendo investigada por falta de prestação de contas de recursos públicos, ausência na escola e atraso no calendário letivo da unidade escolar.

Durante a manifestação, os alunos acusaram a interventora de racismo. Em nota, a Secretaria Estadual de Educação e Esportes informou que órgão desempenha ações contra o preconceito racial com todos os alunos da rede pública.

Nota da Secretaria

A Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (SEE) vem por meia desta esclarecer informações veiculadas neste site e neste blog relativas a protesto realizado por alunos da Escola Estadual Fernandes Lima, no Sítio São Jorge, onde os mesmos acusam as interventoras que atuam na escola de racismo.

Primeiramente, a SEE reforça e reitera que a pasta repudia qualquer atitude discriminatória, seja ela racial, de gênero ou contra a diversidade sexual na comunidade escolar. No entanto, o órgão não recebeu, por parte da comunidade escolar, qualquer reclamação neste sentido e não pode agir a partir de acusações aleatórias contra as educadoras. Logo, é preciso que a reclamação seja oficializada junto à secretaria para que a mesma possa apurar se há veracidade na denúncia.

A SEE, por meio de sua Gerência de Diversidade, possui um trabalho consolidado na discussão da cultura e história afro-brasileiras na escola. Fazemos constantes capacitações sobre o tema com os professores da nossa rede e também trabalhamos questões relativas às datas comemorativas afro-brasileiras com os nossos alunos, visando despertar nos jovens o conhecimento sobre a influência da cultura negra na formação do povo brasileiro e o respeito à diversidade. Desta forma, o órgão cumpre o que determina a lei 11.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de conteúdo afrobrasileiro nas escolas públicas e privadas de todo o país.

Na Escola Estadual Fernandes Lima, a SEE já trabalhava a cultura negra por meio de projeto sobre o maracatu com os alunos. A ação teve início na direção passada e a secretaria já dialoga com a gestão estadual para dar continuidade ao projeto.

Por fim, a secretaria, por meio de sua Gerência de Diversidade, está aberta a apoiar qualquer membro da comunidade escolar que se sinta discriminado e coloca-se à disposição dos alunos e da gestão da escola – respeitando a autonomia da mesma – no sentido de promover o diálogo entre ambas às partes e encontrar alternativas para resolver o impasse.