Teotonio conhece modelo de gestão da água no Ceará

22/05/2012 03:00 - Política
Por Redação

Os governadores de Alagoas, Teotonio Vilela Filho, e do Ceará, Cid Gomes, lideraram uma visita técnica no sábado (19) ao complexo hídrico do Eixão – Eixos de Integração Águas do Ceará, que concentra açudes, barragens, canais e áreas de irrigação – em Jaguaribara, no Semiárido cearense, a 285 quilômetros de Fortaleza.

Acompanhados de secretários dos dois estados, Teotonio e Cid percorreram todo o entorno do açude Castanhão, um dos maiores do país, com 48 quilômetros de extensão e volume de 6,7 bilhões de metros cúbicos de água, correspondente a 2,5 vezes a Baía da Guanabara. O complexo tem um sistema que tanto permite minimizar os efeitos dos períodos de seca quanto fazer a contenção de enchentes.

A obra, que começou em 1995 e ficou pronta em 2003, com a conclusão da barragem e a primeira carga de água de 5 bilhões de metros cúbicos, é administrada pelo Governo Federal, por meio do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs).

O governador Teotonio Vilela informou que fez a visita para conhecer as boas práticas na gestão de recursos hídricos do Ceará e aplicá-las no Canal do Sertão alagoano, que já conta com 70 quilômetros construídos e até o final do ano, já deve levar água para o sertanejo, como mais uma ação de combate à seca que hoje assola o Estado.

“Foi uma viagem positiva, pois adquirimos o conhecimento necessário para darmos sequência à construção do canal, principalmente quanto à distribuição e gestão, para fazer chegar a tão sonhada água aos sertanejos”, afirmou Teotonio.

Visita técnica

Com apoio logístico do governo cearense, que colocou à disposição de Alagoas helicópteros, ônibus e carros, e com a presença do próprio governador Cid Gomes, o governador Teotonio Vilela e oito secretários de Estado (Desenvolvimento Econômico, Infraestrutura, Agricultura, Trabalho, Ciência & Tecnologia, Recursos Hídricos, Pesca e Aquicultura, IMA), acompanharam todo o sistema operacional do Eixão das Águas, um dos maiores complexos hídricos do Nordeste.

O coração de todo o complexo é o açude Castanhão, um impressionante lago com tamanho 64 mil hectares que beneficia 650 mil pessoas do Sertão do Cariri cearense, de acordo com o coordenador geral do complexo, o engenheiro José Ulisses de Souza.

Souza revela que uma cidade inteira foi submersa para dar lugar ao açude, que foi projetado desde 1910, e só foi operacionalizado em 2004, com a conclusão da barragem.

“Toda a população de Jabaquara, a cidade submersa, ganhou novas moradias, e hoje vive em dos 18 reassentamentos no entorno do açude. Eles viraram pequenos produtores de fruticultura (goiaba e mamão) e pesca (tilápia, tucunaré, pirarucu) e hoje têm uma renda líquida média de R$ 1.100. Na Semana Santa, por exemplo, eles chegaram a vender 700 mil quilos de tilápia”, conta Ulisses.

O lado artesanal da fruticultura e da pesca no Castanhão contrasta com a mais nova tecnologia de monitoramento dos canais, na estação de bombeamento e no controle da vazão da barragem. A partir da estação, a gestão do complexo é dividido entre o Dnocs e a Companhia de Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh).

A estação de bombeamento – com um conjunto de quatro motobombas gigantes, uma subestação com 2.200 quilowatts de potência, e uma sala de monitoramento 24 horas, dividida em turnos por seis técnicos – é a responsável pela operação do maior canal de integração do Eixão, que liga o complexo hídrico do Semiárido à capital, Fortaleza.

Outorga para uso da água

O Eixão tem 255 quilômetros – o Canal do Sertão alagoano, quando pronto, terá quase a mesma extensão (250km) – até a capital, Fortaleza, sendo 162km de canal aberto (por gravidade) e 94km de dutos e pontes. Todo o trecho é protegido por vigilância armada (carros e motos) e ao longo do percurso já existem captações aprovadas e outorgadas para a população e pequenos produtores que pagam pela água.

Ao longo do canal, a cada dois quilômetros de cada lado, as comunidades são abastecidas por sistemas simplificados – boias flutuantes com bombas de captação. Em cada comunidade, uma pessoa é treinada para fazer o tratamento da água, e a energia é paga pela comunidade.

Essa outorga já conferiu lucros ao governo do Estado que são repassados para a ampliação e manutenção das obras. Em 2011 foram R$ 43 milhões de faturamento anual e em 2012, a previsão é de R$ 53 milhões.

“O polo de Pecém, que abriga o porto de mesmo nome, é um dos maiores consumidores a receber água do canal. O preço do metro cúbico da água é quase um subsídio de governo, quando cobra 0,1 centavo de real ao pequeno produtor e até R$ 1,48 para às indústrias”, diz Daniel Moreira, secretário de Estado adjunto de Recursos Hídricos.

Daniel fez um raio-x do destino das águas do Ceará: 80% são mananciais de superfície (barragens), sendo 86% no Semiárido; são 133 açudes públicos, 315 quilômetros de canais e 200km de adutoras. O Ceará se prepara agora para receber as águas do São Francisco, com projetos que já ultrapassam os R$ 2 bilhões.

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