Sob tranquilidade, mas com a expectativa e tensão de possíveis confusões, começou na manhã desta segunda-feira (21) o processo de transferência dos moradores da favela de Jaraguá, para o condomínio Vila dos Pescadores, construído no Trapiche da Barra, em parceria do Ministérios das Cidades com a Prefeitura Municipal de Maceió e que deve terminar na próxima sexta-feira (25), caso todas as mudanças sejam realizadas.
De acordo com a secretaria de habitação do município, das 450 famílias que residem nas duas favelas, apenas 38 estão resistindo em se mudar, por conta da sobrevivência alegada pela pesca de mariscos em Jaraguá, o que não seria possível na nova localidade.
“Em 2007 nós fizemos um levantamento e contamos 398 barracos. Agora, esse número já tinge a casa dos 450, com várias famílias aumentando e criando novos barracos, o que dificultou a questão do cadastro para a nova moradia, mas pretendemos regularizar essa situação até sexta-feira”, afirmou Suzana Lôbo, gerente social da secretaria municipal de habitação.
A grande maioria das famílias que residem na favela, desejam a mudança, uma vez que as condições do local são precárias, enquanto uma minoria ainda resiste em permanecer na favela. “A minha mudança está prevista para quarta-feira e assim que puder, eu vou embora. Mas têm algumas pessoas que estão resistindo e irão fazer isso até a última hora”, disse Roberta Monique de 23 anos, casada e com dois filhos.
Por outro lado, há também as pessoas que sobrevivem da pesca local e pretendem continuar no local. “Eu moro aqui faz muito tempo, uns 15 anos e não será agora que vou deixar. Quem quiser ir, ótimo, mas eu e minha família vamos ficar. A minha sobrevivência depende daqui”, disse Manoel Francisco, pescador de 54 anos.
A princípio, o clima de mudança é de tranqüilidade, mas, a presença do Grupamento de Ação Operacional (GAO) da Guarda Municipal, além do gerenciamento de crise da Polícia Militar,dá a impressão de que problemas podem acontecer, uma vez que, logo após a desocupação dos barracos, os mesmos terão o fornecimento de energia cortados e posteriormente derrubados.
Segundo o capitão Sandro, do gerenciamento de crises, a forma que está sendo feita a desocupação é correta, e não é possível adivinhar problemas, mas, se for o caso, a polícia estará no local para prevenir e se preciso, combater problemas.
“Essa ação é necessária. Estaremos aqui durante o dia para conversar com moradores, mostrar a necessidade de se cumprir a decisão e se for preciso, a PM estará aqui para agir, mas esperamos que aconteça tudo da forma mais pacífica”, afirmou.
A mudança dos moradores está prevista para acontecer até a próxima sexta-feira, já que o novo local de moradia, terá 75 blocos que receberão 450 famílias. Porém, se as mudanças acontecerem como o previsto, o término da ação pode ser antecipado em um dia.