Justiça do DF nega habeas-corpus a ex-diretor da Delta

12/05/2012 05:04 - Brasil/Mundo
Por Redação

A Justiça do Distrito Federal negou na quinta-feira habeas-corpus a Claudio Abreu, ex-diretor da empresa Delta Construções. Ele foi preso no final de abril, em uma operação de desdobramento da Monte Carlo, da Polícia Federal, que desarticulou o esquema de jogos ilegais do empresário Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, que também está preso. A Delta é suspeita de envolvimento nos negócios ilícitos de Cachoeira.

O habeas-corpus foi negado pela 2ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). O relaxamento de prisão já havia sido negado em caráter liminar. No pedido, a defesa do ex-diretor alega não haver motivos para a prisão, uma vez que Abreu colabora com as investigações.

O ex-diretor aparece em gravações feitas pela Polícia Federal falando com Carlinhos Cachoeira e outros integrantes do grupo liderado pelo empresário. Eles discutem os supostos pagamentos de propinas e tentativas de fraudes em licitações. Abreu está preso na penitenciária da Papuda, em Brasília, a mesma de Cachoeira.

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
 

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