Caros amigos,

Agradeço profundamente cada mensagem que tenho recebido pelo twitter e pelo celular. Ajuda a superar a dor. Aos que ainda não sabem, minha mãe faleceu na manhã desta segunda-feira, dia 7. Por coincidência, há aproximadamente cinco meses, meu pai também falecia.

A sensação de solidão é muito grande. Sou grato a todos que mostram que não estamos sozinhos no mundo. Mas, quando se perde o que há de mais belo em nossos jardins, parece que todo o resto ficou deserto, sem vida, difícil de ser superado.

Porém, não podemos jamais perder o foco. Superar. Palavra cheia de significado. Difícil de ser encarada, de buscar a essência, enfim...mas, é preciso superar. A perda é grande, mas longe do mundo ter ficado deserto. É preciso compreender, com toda força, que nossos pais nos deram uma bela estrada.

Sem eles, jamais seria possível. Seja no sentido denotativo ou em todas as conotações possíveis. Neste momento, pergunto-me onde arrumar forças. Ainda não sei, mas sei que é preciso. Superar o luto. Entender que perdi uma mulher guerreira, forte, que lutou muito e sempre lutou por sua cria com uma dignidade que serve de exemplo. Com uma simplicidade e ingenuidade que chegava a ser comovente.

Minha mãe era a mulher que enxergava bondade em todo mundo. A mulher que soube perdoar os erros dos filhos, que não foram poucos. Uma mulher que soube ensinar o que é amor sem precisar de teorias. Uma mulher que sempre foi porto, apesar da aparência frágil. Que sempre foi norte, apesar da vida ter lhe aprontado muitas nas quais poderia ter se perdido.

Minha mãe foi a crença de podermos deixar o mundo melhor com nossa passagem. Minha mãe que nunca se desesperou diante de qualquer problema, que sempre acreditou que para tudo havia uma solução. Que ria dos meus desesperos para me confortar. Que era de poucas palavras e coração imenso.

Minha mãe envelheceu se tornando criança. Foi assim ao longo de seis décadas. Até fechar os olhos e dizer adeus. Ainda não entendo por qual razão tão cedo, por qual razão de forma tão inesperada. Talvez enternamente busque razões. Quem sabe um dia a encontre, em um sonho, no qual eu e minha mãe possamos conversar longamente sobre a vida e seus encontros e desencontros.

Lembrar de minha mãe sempre será lembrar do dócil sorriso, do fácil perdão, da ingênua forma de amar e acreditar nas pessoas. Será sempre lembrar que ainda existem pessoas no mundo capazes de mostrar que - quando tudo parece perder o sentido - ainda vale a pena continuar, nos doar por quem amamos. Talvez, sejam das lembranças que devo tirar forças para continuar ao lado de minha irmã.

Nós dois - os filhos da risonha Dona Ana - construímos famílias. Temos filhas lindas: Bia Vilar (a minha), Yasmin Fragoso (a de minha irmã). Enquanto escrevo, elas brincam na sala, ainda sem saber da partida da avó. Mostram sorrisos doces, confiantes, amorosos, a espera sempre de abraços, carinho e todos os bons sentimentos e confortos que só os pais podem dar. É hora de acreditar que minha mãe está ali, dentro das duas, brincando na sala, com toda ingenuidade e amor incondicional que o mundo pode oferecer.

Aos amigos, repito: talvez tire uns dias de descanso. Mas volto para a luta, para os desafios e obrigado por contar com vocês.  

No mais, o sepultamento de minha mãe será na manhã desta terça-feira (08), em horário ainda não definido, no Cemitério Parque das Flores.

Estou no twitter: @lulavilar