Como esporte número dois do País, o vôlei vive um bom momento e as suas maiores estrelas já ganham salários altos, compatíveis até com os padrões do futebol. Na quinta-feira, no centro de treinamento de Saquarema, o presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Ary Graça, teve uma reunião com os atletas das seleções feminina e masculina. Em pauta, um alerta para manterem o foco e não repetirem erros de futebolistas que se perdem em fatores extracampo.

"Cada início de temporada eu converso com eles. O meu grande receio, grande medo, é que o voleibol agora explodiu no país. A Superliga foi um sucesso absurdo. Conforme temos informações, teve um aumento de 134% de exposição de mídia. Esse é o lado bom. O lado ruim é o seguinte: os jogadores que ganhavam salários baixíssimos estão recebendo valores altos. Menos do que eles merecem, mas altos", explicou o presidente da CBV.

"A nossa preocupação é que não aconteça o que ocorre com o futebol, que o jogador sai comprando carros importados, vai para a balada toda hora e esquece a essência da atividade profissional dele, que é o esporte."

Diante da imprensa, Graça não citou nenhum exemplo específico do meio futebolístico, mas ele os enumerou para os atletas. "Temos algumas citações a esses respeitos, lembramos até de problemas de passados que tivemos, e não só baladas. Vender a imagem para fora, fazer um monte de propaganda, tudo isso desvirtua. Qual é a grande vantagem de eles poderem treinar em Saquarema: o foco", afirmou.

"A três meses da Olimpíada nós precisamos de foco. Para vencer uma Olimpíada tem de pagar um preço. E o preço é disciplina, autodisciplina porque eu não sou bedel de ninguém. Aqui no centro inteiro não temos segurança tomando conta de jogador. É tudo na base da responsabilidade. E está tudo cuidadinho."

O dirigente máximo do vôlei brasileiro não perdeu a oportunidade de elencar seus feitos à frente da CBV. Recentemente a confederação renovou por mais cinco anos seus contratos de patrocínio com o Banco do Brasil e a empresa de material esportivo Olympikus. No balanço de 2012, Graça vai divulgar uma soma recorde em cotas de patrocinadores ¿ deve ultrapassar R$ 60 milhões. "É um dinheiro que já nos deixa respirar um pouco melhor. Mas não muito porque custa muito caro manter as seleções e a Superliga, que agora começou a dar lucro."

Graça vai se candidatar à presidência da Federação Internacional de Vôlei (FIVB). A eleição está marcada para setembro. Se vencer, o dirigente acumulará os cargos da confederação brasileira e sul-americana, mas pedirá licença. "Não há nenhum impedimento legal para ser presidente das três entidades, mas vou pedir licença para poder me dedicar melhor à federação internacional, que acho que tenho muito a ajudar", disse.

Assim, Graça também deverá inviabilizar sua possível candidatura ao posto do amigo Carlos Arthur Nuzman à frente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) ¿ uma das exigências para os candidatos é que esteja há cinco anos subsequentes no comando de alguma confederação nacional. "O Nuzman só vai sair do comando do COB no dia em que vier a nos faltar. E isso vai demorar muito tempo para ocorrer ainda. Tenho certeza que ele vai concorrer à reeleição depois da Olimpíada de 2016", afirmou.