O Banco Central informou nesta terça-feira (24) que o déficit em transações correntes (balança comercial, serviços e rendas), um dos principais indicadores das contas externas, recuou 18% no primeiro trimestre deste ano, para US$ 12,11 bilhões. Em igual período do ano passado, o resultado negativo somou US$ 14,77 bilhões.

Para todo este ano, entretanto, a previsão do Banco Central é de um déficit de US$ 68 bilhões para a conta de transações correntes. Se confirmado, será o maior resultado negativo de toda a série histórica da autoridade monetária, que começa em 1947. O maior déficit das contas externas foi registrado, até o momento, em 2011 (-US$ 52,5 bilhões).

Componentes das contas externas
As contas externas são compostas pela balança comercial, pela conta de serviços (viagens internacionais, seguros, pagamento de 'royalties' e licenças e aluguel de equipamentos, entre outros) e pelas rendas (juros, lucros e dividendos).

No primeiro trimestre deste ano, a balança comercial registrou um superávit de US$ 2,43 bilhões, contra um saldo positivo de US$ 3,14 bilhões em igual período de 2011, ao mesmo tempo em que a conta de serviços registrou um déficit de US$ 9,43 bilhões (contra um resultado negativo de US$ 7,71 bilhões nos três primeiros meses do ano passado). Na conta de rendas, foi registrado um déficit de US$ 5,8 bilhões no primeiro trimestre deste ano, contra um resultado também deficitário de US$ 11,1 bilhões em igual período de 2011.

Investimentos estrangeiros diretos
A autoridade monetária também informou que o ingresso de investimentos diretos na economia brasileira somou US$ 14,93 bilhões no primeiro trimestre deste ano. Com isso, registrou recuo de 14,8% frente ao mesmo período de 2011 (US$ 17,53 bilhões). Os números do BC mostram que o ingresso de investimentos estrangeiros no país, nos três primeiros meses deste ano, foi suficiente para "financiar" o déficit em transações correntes, de US$ 12,11 bilhões.

Para todo este ano, a previsão do Banco Central é de um ingresso de US$ 50 bilhões em investimentos estrangeiros na economia brasileira. Com isso, o BC estima que a entrada de investimentos no país não será suficiente para "cobrir" o rombo das contas externas. Para fechar a conta, o Brasil precisará se apoiar na entrada de recursos para o mercado acionário, para renda fixa ou em empréstimos do exterior. Em 2011, os investimentos estrangeiros somaram US$ 66,6 bilhões - recorde histórico.