O promotor do caso Fábio Acioli, José Antônio Malta Marques afirmou, em entrevista ao Cadaminuto, que os autores intelectuais do crime poderão ser identificados após as oitivas marcadas para o próximo dia 26, com os empresários Márcio Raposo, Teresa Raposo, Márcio Nutels e Vânia Nutels.

O garçom do Beto´s Bar, Marcos Aurélio Fernandes Souza, que presenciou o sequestro de Fábio, cometido por Carlos Eduardo Souza e Wanderley do Nascimento, quando o estudante estava com o servidor municipal, Cícero Rafael França, em Cruz das Almas, foi incluído no Programa de Proteção a Testemunhas (Provita) e também deve ser ouvido.

Questionado se o empresário teria sido citado no inquérito que apura o crime, Marques lembrou que não é a primeira vez que Raposo é convocado para depor. Mas, segundo o promotor, será a primeira vez que os outros empresários vão ser ouvidos pelo juiz Maurício Brêda, substituto da 9ª Vara Criminal da Capital.

“Ele [Márcio Raposo] já tinha sido ouvido nos autos. Pode ser que após esses depoimentos, tenhamos conhecimento dos mandantes do assassinato do estudante Fábio Acioli”, disse.

A reportagem também entrou em contato com o Maurício Brêda, que afirmou não falar sobre casos que ainda não havia julgado.

Festa

Um desentendimento ocorrido durante uma festa, que contaria com a participação de pessoas influentes do Estado e que teve início no barco de um empresário e acabou em uma ilha na Massagueira, pode ter motivado o crime.

Na época do crime, um empresário, que teria chegado escondido no fórum e prestado um depoimento “secreto”, durante a madrugada, foi acareado com o garçom, que o viu na festa com o estudante.

Júri popular

Carlos Eduardo Souza e Wanderley do Nascimento Ferreira, que estão presos, foram pronunciados pela justiça e devem ir a júri popular, acusados de serem os autores materiais do crime.

Segundo a decisão de Maurício Brêda, durante as investigações, várias provas e indícios foram apresentados para que a justiça determinasse o julgamento no processo que corre em segredo de justiça.

Caso

Fábio Acioli foi sequestrado em 11 agosto de 2009, quando deixou uma escola de idiomas no bairro da Ponta Verde, em Maceió. Quando passava pelo bairro de Cruz das Almas, local onde residia com a família, o jovem estudante foi abordado por dois homens e colocado na mala do veículo Peugeot prata de placa MUH-6407/AL, que pertencia ao seu pai.

O estudante foi levado para um canavial no bairro Benedito Bentes. Lá, foi torturado e em seguida, queimado vivo. Os sequestradores deixaram o local com o veículo, que foi encontrado queimado, dias após o crime.

Lúcido, o jovem ainda teve forças para se arrastar até a pista principal do bairro e pedir socorro a moradores da região, que acionaram uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Em contato com a família, Fábio Acioli foi encaminhado diretamente ao Hospital Unimed, onde permaneceu internado por vários dias com queimaduras pelo corpo.

Na tentativa de lutar pela sua recuperação, a família conseguiu sua transferência para o Hospital São Marcos, em Recife (PE). No entanto, apesar dos esforços da equipe médica, Fábio Acioli faleceu no dia 26 de agosto, devido uma infecção generalizada.

Desde então, familiares, amigos e a sociedade alagoana cobram da polícia e da justiça um esclarecimento para o assassinato. Apesar da prisão de Carlos Eduardo e Wanderley Nascimento, acredita-se na existência de um autor intelectual, que seria alguém influente na sociedade alagoana.