Agnelo é citado nominalmente em conversas do grupo de Cachoeira
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, foi citado nominalmente em conversas gravadas em abril do ano passado pela Polícia Federal. A gravação faz parte da Operação Monte Carlo, que investiga a atuação de Carlos Cachoeira, suspeito de explorar jogos de azar e subornar políticos para ter proteção e receber benefícios de governos. Cachoeira foi preso pela Polícia Federal em 29 de fevereiro.
Em um dos diálogos, Marcello Lopes, ex-assessor de Agnelo, fala com Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, suspeito de ser um dos principais auxiliares do contraventor Carlos Cachoeira. No áudio, Idalberto Matias, é tratado pelo codinome Chicão.
Marcello: Teve uma reunião, Chicão, entre o Agnelo; Agnelo, o Rafael e João Monteiro, agora esses dias. E o Agnelo falou para o João diretamente, isso foi o Cláudio me contando, pra cuidar da Delta, pra deixar tudo, pra não dar problema nenhum no lixo.
No diálogo são citados João Monteiro que é o ex-diretor do Serviço de Limpeza Urbana de Brasília (SLU), exonerado na última semana; Rafael seria Rafael Barbosa, secretário de Saúde do governo do Distrito Federal; e Cláudio seria Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta no Centro-Oeste.
O governador Agnelo Queiroz nega qualquer relação com o grupo de Carlinhos Cachoeira e chama de fantasiosas as tentativas de envolvê-los no escândalo.
Marcello Lopes, ex-assessor de Agnelo Queiroz, disse que o nome dele está sendo usado para atingir o governador. O advogado de Lopes, Jorge Amarante, informou que a relação do seu cliente com Carlinhos Cachoeira não envolvia negócios com o governo.
"Ele teve contato com Carlos Cachoeira duas vezes, só por telefone, e a respeito de questões de índole pessoal, de contratos de índole particular e antes dele ser assessor de governo", disse Amarante.
O secretário de saúde, Rafael Barbosa, falou que nunca se reuniu com João Monteiro e não conhece Carlinhos Cachoeira. Afirmou ainda que é secretário de Saúde e não tem nada a ver com lixo.
Em nota, João Monteiro repudia a vinculação de seu nome aos fatos em apuração e colocou seus sigilos telefônico, bancário e fiscal à disposição.
A construtora Delta é responsável por dois terços do serviço de limpeza urbana em Brasília. A Delta declara não ter qualquer relação imprópria com João Monteiro e afirmou que afastou Claudio Abreu por causa das ligações com Cachoeira.
“01”
Segundo relatório da Polícia Federal, outra gravação indica que o governador Agnelo Queiroz teria tentado negociar um encontro com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Agnelo seria tratado pelo grupo do contraventor como o “01”.
A referida conversa é entre Cachoeira e o assessor Dadá. O recado teria sido repassado por Zunga, que é João Carlos Feitoza, ex-subsecretário de Esportes e funcionário do governo do DF.
Dadá: O Zunga me ligou aqui e tá querendo falar com você que o chefe dele lá, o “01”, Magrão tá querendo... é.. não falou o que que é... disse que tá ligando e não tá atendendo. Eu falei: Qual é o assunto? Ele disse que é o Magrão. Magrão que eu entendi deve ser o “01”, não é não? Quer falar com você.
Cachoeira: Vou falar com ele aqui.
Dadá: Liga pra ele aí pra ver o que é
O governador Agnelo Queiroz nega que tenha se reunido ou pedido encontro com Cachoeira. “Isso é uma fantasia absoluta, não tenho relação nenhuma. Meu governo não tem nenhum negócio em absoluto. Isso é mais uma tentativa de colocar meu partido nessas denuncias e é mais uma tentativa frustrada”, afirmou.
João Carlos Feitoza, o Zunga, não foi encontrado pela equipe de reportagem para comentar a denúncia.
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