"Meu filho ainda não teve direito a uma casa", diz desabrigada

07/04/2012 07:35 - Brasil/Mundo
Por Redação

“Meu filho ainda não teve direito a um endereço, a uma casa”. O desabafo de Adriana Cláudia Pereira da Silva, mãe de João Pedro, de um ano e três meses, resume o sentimento das 95 famílias que moram em um abrigo dois anos após a tragédia das chuvas em Niterói, região metropolitana do Rio.

As consequências das enchentes e deslizamentos que atingiram a região no dia 7 de abril de 2010 ainda não foram superadas por todos.

Desde que a casa no bairro de Santa Rosa foi interditada pela Defesa Civil, Adriana teve que abrir mão de morar durante os dias da semana com suas filhas de 10 e 12 anos de idade. A escola das meninas fica à uma hora do único abrigo para as vítimas das chuvas. O 3º Batalhão de Infantaria, na entrada de São Gonçalo, cidade vizinha de Niterói, foi comprado pelo Estado e cedido aos desabrigados.

- Acredito que a espera por um apartamento ainda será longa. Quando chegamos ao abrigo, a informação que tínhamos era que as unidades iriam ficar prontas em seis meses. Agora, parece que alguns apartamentos estão prontos perto do Bumba, mas essa distribuição terá que ser feita com cuidado tão perto de época de eleição.

Adriana recebe Aluguel Social, mas diz que não tem coragem de sair do abrigo para depender só do dinheiro pago pela prefeitura. Cerca de 3.200 famílias ainda contam com o auxílio de R$ 400, sendo que a lista de espera pelo Aluguel Social é do mesmo tamanho da dos beneficiados. Segundo a prefeitura, a Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos ainda não concordou em adicionar mais 3.204 famílias à lista do Aluguel Social.

Desde a tragédia, quando 168 pessoas morreram e cerca de 7.000 famílias ficaram desabrigadas, as únicas casas entregues foram 93 apartamentos em um condomínio no bairro Várzea das Moças (do Programa de Arrendamento Familiar, da Caixa Econômica Federal), doados aos moradores do morro do Bumba. Além de 13 unidades habitacionais na Grota do Surucucu.

De acordo com a prefeitura, 180 apartamentos construídos em parceria com o governo do Estado serão entregues nos próximos meses, no bairro Viçoso Jardim, próximo ao morro do Bumba. Existe a previsão de que, até dezembro, também sejam entregues 454 unidades no Fonseca, dentro do Programa Minha Casa, Minha Vida.

Projetos, alguns ainda em fase de aprovação, devem viabilizar mais 2.554 unidades habitacionais para famílias com renda mensal de até três salários mínimos e 1.306 apartamentos para famílias com renda até dez salários. As construções serão nos bairros Caramujo, Sapê, Fátima, Engenho do Mato e Jacaré/Piratininga, Rio do Ouro, Fonseca, Atalaia e Várzea das Moças.

Contenção de encostas

Os governos municipal, estadual e federal firmaram uma parceria para realizar obras de recuperação de encostas na cidade de Niterói e evitar novas tragédias. Segundo a prefeitura, 67 obras de contenções de encosta, além das obras de drenagem, foram concluídas com um investimento de R$ 11,5 milhões do município. Entretanto, ainda é esperada a liberação de verba federal – cerca de R$ 100 milhões –, para que o Estado realize as demais intervenções.

Uma das obras concluídas é a do morro do Bumba. O local foi totalmente reconstruído e ganhou um enorme gramado, quadra de esporte, brinquedos infantis e uma praça com mesas e bancos para o lazer dos moradores do bairro.

Enfrentar novas chuvas

A Secretaria Municipal de Defesa Civil de Niterói capacitou cem guardas municipais e conseguiu a adesão de 78 voluntários, que vão ser treinados para atuar em caso de chuvas fortes. Além disso, foram implantados núcleos comunitários de Defesa Civil, em cinco comunidades (Preventório, José Leomil, Morro da Cocada, Martins Torres e Manoel Ladeira), para elaborar os planos de ação e resposta aos desastres. Esses núcleos serão ampliados para outras comunidades.

A Defesa Civil passou a contar também com um profissional de meteorologia e a emitir boletins de previsões do tempo para as administrações regionais e lideranças comunitárias.

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