Corpo de Millôr Fernandes é cremado no Rio de Janeiro

29/03/2012 13:17 - Brasil/Mundo
Por Redação

Após o encerramento do velório, às 14h, alguns parentes e amigos deixaram o Memorial do Carmo e seguiram até o crematório do Cemitério do Caju, Zona Portuária do Rio de Janeiro, para acompanhar a cremação de Millôr Fernandes.

Os dois filhos do escritor e cartunista, Ivan e Paula Fernandes, o irmão Hélio e o neto Daniel receberam a solidariedade de cerca de 40 pessoas.

Os cartunistas Ziraldo e Chico Caruso e os atores Cecil Thiré, Fernanda Torres e Antônio Pitanga, entre outros amigos, acompanharam a cerimônia iniciada às 15h.

"Não sei como descrever, é um ídolo dos meus pais. A primeira Bíblia que eu li foi a Bíblia do Millôr. É um leão que não anda em bando", disse Fernanda Torres ao chegar.

A cerimônia, que terminou por volta das 15h30, teve discursos do cartunista Ziraldo e de Hélio, irmão de Millôr. Ele foi o primeiro a jogar pétalas sobre o caixão e se despedir do irmão, seguido pelos demais, colorindo o caixão. Às 15h15, Ziraldo iniciou um discurso emocionado, por sete minutos.

"Quando cheguei hoje ao memorial senti um clima de felicidade e isso me faz lembrar e repetir uma frase do Millôr, que ele convivia com as melhores pessoas desse país. Tive a oportunidade de dizer pra ele: 'minha mulher que me desculpe, mas você é o homem da minha vida", disse o cartunista. No fim, após contar causos do amigo, simplificou: "Adeus, Millôr, vá com Deus".

Após aplaudir Ziraldo, Hélio também falou, por cerca de 10 minutos. "Millôr vai reabrir a discussão sobre duas palavras: genial e insubstituível". Após o discurso, parentes jogaram as últimas pétalas de flores e saíram da sala, despedindo-se do corpo de Millôr Fernandes.

O escritor carioca morreu às 21h desta terça-feira (27), em casa, no bairro de Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo Ivan Fernandes, filho de Millôr, ele teve falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca. Em 2011, o escritor chegou a ser internado duas vezes na Casa de Saúde São José, no Humaitá, Zona Sul. Na época, a assessoria do hospital não detalhou o motivo da internação a pedido da família.

Nascido no bairro do Méier, Millôr sempre fez piada em relação ao seu registro de nascimento. Costumava brincar que percebeu somente aos 17 anos que o seu nome havia sido escrito errado na certidão: onde deveria estar Milton, leu “Millôr” (o corte da letra “t” confundia-se com um acento circunflexo, e o “n” com um “r”). Seja como for, gostou do novo nome e o adotaria a partir de então. “Milton nunca foi uma boa escolha”, comentaria anos mais tarde, durante uma entrevista. A data de nascimento também não estaria correta: em vez de 27 de maio de 1924, ele teria nascido em 16 de agosto do ano anterior.

Desenhista, tradutor, jornalista, roteirista de cinema e dramaturgo, Millôr foi um raro artista que obteve grande sucesso, de crítica e público, em todas as áreas em que se atreveu trabalhar. Ele, que se autodefinia um “escritor sem estilo”, começou no jornalismo em 1938, aos 15 anos, como contínuo e repaginador de “O Cruzeiro”, então uma pequena revista. Ele retornou à publicação em 1943 ao lado de Frederico Chateaubriand e a tornou um sucesso comercial. Lá, criou a famosa coluna “Pif-Paf”, que também teria desenhos seus.

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