Morrissey critica vinda do príncipe Harry ao Brasil durante show no Rio

10/03/2012 09:40 - Brasil/Mundo
Por Redação

Feroz crítico da família real britânica, o cantor inglês Morrissey não perdeu a oportunidade de detonar uma vez mais os monarcas de seu país. Aproveitando a coincidência de se apresentar no Rio de Janeiro no mesmo dia da chegada do príncipe Harry à cidade, disparou contra o mais jovem dos filhos de Charles e Diana.

"Como vocês sabem, Harry está aqui (no Rio) hoje. Ele veio tomar o dinheiro de vocês. Por favor, não deem a ele", disse Morrissey, que fez show na Fundição Progresso, na noite desta sexta-feira (9), depois de 12 anos sem dar as caras na Cidade Maravilhosa. Vaias para Harry e aplausos para o músico, que lotou a casa de shows carioca cantando 19 músicas durante quase uma hora e meia sobre o palco.

A noite começou com a cantora Kristeen Young, que tocou teclado e cantou sobre bases pré-gravadas por cerca de 35 minutos. Apesar de esforçada, a norte-americana não chegou a empolgar a plateia. Os vídeos de artistas como Nico, Sparks, Brigitte Bardot e New York Dolls, exibidos no telão pouco antes da atração principal, animaram mais do que a voz esganiçada de Young.

Morrissey já não é mais o mesmo garotão da época em cantava ao lado de Johnny Marr, Andy Rourke e Mike Joyce, seus antigos companheiros do The Smiths. Mas, mesmo aos 52 anos, ainda mostra fôlego, voz e bastante disposição como band leader. Seu domínio sobre a plateia fica evidente logo nos primeiros números da noite, as canções "First of the gang to die", "You have killed me", "Black cloud", "When last I spoke to Carol" e "Alma matters", todas de sua carreira solo. Mas o show esquenta mesmo é com a dobradinha "Still ill", hit dos Smiths (ele cantyaria ainda outras quatro músicas do grupo de Manchester), e "Everyday is like sunday", acompanhada pelo público de braços erguidos e a plenos pulmões.

Os músicos de Morrissey são competentes e uma atração à parte. Se na passagem pela Argentina mostraram que estão afinados com o discurso antimonarquia do chefe — usaram camisetas com os dizeres "I hate Will and Kate" ("Eu odeio Will e Kate"), em referência ao irmão do príncipe Harry e sua esposa —, no Rio optaram por um modelito digamos mais tropical: tocaram seminus, vestidos apenas com uma espécie de sunga amarela. A exceção foi o guitarrista Boz Boorer, que subiu ao palco bizarramente travestido de mulher.

"Andei um pouco pelo Rio hoje e pude perceber o quanto sua gente é bonita. Todos os três sexos são lindos", disse Morrissey, novamente muito aplaudido, seguindo a tendência às referências sexuais sugeridas por seus músicos.

No momento panfletário do show, pinça “Meat is muder” ("Carne é assassinato") do repertório dos Smiths para alertar ao público dos perigos do consumo de carne animal — assim como o ex-beatle Paul McCartney, Morrissey é vegetariano. Para reforçar ainda mais a mensagem, imagens sinistras de animais em abatedouros são exibidas no telão. Morrissey leva a coisa tão a sério que exigiu até que a casa de shows retirassem a carne do cardápio de seus bares durante sua apresentação.

O show segue com "Ouija board, ouija board", "I know it’s over", "Let me kiss you", além de algumas trocas de camisa. A arrebatadora sequência final traz "There is a light that never goes out" (um dos maiores hits dos Smiths, num compasso um pouco mais lento), "I’m throwing my arms around Paris", "Please, please, please let me get what I want" e "How soon is now?", além do bis "One day goodbye will be farewell". "Obrigado!", agradeceu o cantor, antes de deixar o palco

Aberta com um show em Belo Horizonte na última quarta-feira (7), a turnê de Morrissey pelo Brasil se encerra no próximo domingo (11), no Espaço das Américas, em São Paulo, com ingressos já esgotados.

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