O julgamento do ex-seminarista Gil Rugai, acusado de matar o próprio pai, Luis Carlos Rugai, e a madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, pode ser adiado pela segunda vez, de acordo com o promotor do caso, Rogério Leão Zagallo. A remarcação do júri, que está previsto para acontecer no próximo dia 26, depende da data em que o IC (Instituto de Criminalística) entregará o laudo de um exame de sangue, que teve que ser refeito a pedido da defesa.

Zagallo explica que, na época em que o crime aconteceu, em março de 2004, o IC não dispunha de tecnologia suficiente para determinar a quem pertencia o sangue, que foi recolhido na cena do crime. Porém, ele ressalta que, se o laudo for entregue próximo à data do julgamento, não haverá tempo hábil para juntá-lo ao processo e para as partes analisarem os novos dados.

Se a complementação desse laudo não for entregue até o dia 15 mais ou menos, uma das partes pode se sentir prejudicada e solicitar ao juiz que o julgamento seja adiado. Eu posso fazer isso, ainda não sei.

Para o promotor, no entanto, o resultado do exame será indiferente para definir o julgamento. Ele afirma que é pouco provável que o sangue seja de Gil Rugai, apesar de uma testemunha ter afirmado que o viu sair machucado da casa onde aconteceu os crimes, que fica no bairro de Perdizes, na zona oeste da capital paulista.

- Acho mais provável que esse sangue seja de uma das vítimas, porque os cachorros andaram pela casa e podem ter espalhado sangue. Essa prova é superficial, não vai servir para nada.

O julgamento havia sido inicialmente marcado para o dia 12 de dezembro do ano passado, mas foi adiado a pedido do Ministério Público, por causa do impedimento temporário de uma perita do Instituto de Criminalística. O juiz Emanuel Brandão Filho, do 5º Tribunal do Júri, disse em sua decisão que a perita designada sofreu acidente de trabalho às vésperas da realização da perícia agendada para o dia 11 de novembro e acabou hospitalizada.

Provas

Zagallo diz estar seguro de que Gil Rugai será condenado, porque, segundo ele, há muitas provas que o incriminam. O promotor citou o fato de Luis Carlos Rugai ter manifestado receio com relação ao que o filho poderia fazer contra ele depois que descobriu os desvios de dinheiro que Gil teria realizado na empresa da família. Uma semana antes dos crimes, o empresário teria trocado todas fechaduras da casa.

- Tem a testemunha que viu o Gil sair com um comparsa da casa na noite do crime. Ele também arrombou uma das portas,que tinha marcas do sapato dele. Além da arma do crime, que foi encontrada no prédio onde ele tinha escritório. Estou ansioso para colocar esse assassino na cadeia.

Procurados pelo R7, os advogados de Gil Rugai, Marcelo Feller e Thiago Gomes Anastácio, preferiram não falar sobre o caso neste momento e se manifestaram por meio de nota. Associados ao IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa), os advogados assumiram o caso há poucos meses e atuam sem cobrar remuneração do réu. Veja parte da nota:

"Diante da impossibilidade de gravar entrevista e atender a todos os jornalistas, legitimamente interessados em dar voz à defesa do réu, manifestamo-nos por nota para reafirmar que pretendemos demonstrar a inocência deste rapaz, que há quase oito anos vive nas sombras criadas por uma acusação injusta. Os detalhes da defesa serão oportunamente levados ao grande público pela cobertura jornalística durante o julgamento."