A reunião do Comitê da Bacia Hidrográfica do Complexo Estuarino-Lagunar Mundaú-Manguaba (CELMM), que aconteceu hoje (09) no Cinturão Verde da Braskem, teve como principal foco a necessidade de investimento na recuperação da área e a tomada de medidas emergências para permitir o fluxo de águas em um dos canais que liga a Laguna Manguaba ao mar.
A preocupação levou o grupo a idealizar uma grande reunião, com data a ser definida, com a participação de diversos organismos governamentais e não governamentais, e a possível organização de um fórum permanente. “Precisamos chamar o máximo de pessoas para esse momento, garantir a celeridade e principalmente a continuidade de um longo trabalho de educação. Não adianta fazer intervenção, investir milhões e daqui a alguns anos ter que dragar de novo”, disse Adriano Augusto, diretor-presidente do IMA.
O pescador Berenaldo advertiu que a maior pressão da maré é na região conhecida como Boca da Barra e que o aumento do assoreamento, em determinados pontos, acontece por conta do desmatamento irregular. “Defendo os pescadores porque somos prejudicados, mas há pessoas que não se unem em favor da lagoa. Tem barraqueiros que instalaram negócios na areia e que não querem que o canal seja aberto de novo”, disse.
“O canal existia naturalmente, a água que descia mantinha o canal aberto. A solução então seria recompor a mata ciliar e diminuir o assoreamento”, argumentou Hélio dos Santos, da Capitânia dos Portos de Alagoas (CPAL). Opinião que também foi defendida pela professora Michely Libos, do Instituto Federal de Alagoas (Ifal): “não podemos esquecer desse trabalho que deve ser feito no entorno das lagunas”.
Entretanto, Anivaldo Miranda, superintendente de Meio Ambiente, da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), argumentou que existem duas demandas que precisam estar bem entendidas. A primeira e emergencial é a abertura de um canal para comunicação do mar com o canal na Boca da Barra, para permitir o fluxo e a manutenção de espécies. A outra seria buscar soluções a médio e longo prazo para recuperação de áreas degredadas.
“Podemos dizer que se trata da crônica de uma morte anunciada, se nada for feito. O Complexo Estuarino Lagunar Mundaú Manguaba possui um valor incalculável como fornecedor de pro teína para alimentação, no turismo ecológico e em tantos outros aspectos”, disse Anivaldo.
Além do IMA, Semarh, CPAL, IFAL, SPU e pescadores artesanais, estiveram presentes representantes do Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), Companhia de Abastecimento e Saneamento de Alagoas (Casal), Secretaria de Agricultura (Seagri), Serviço de Abastecimento de Água e Esgoto de Marechal Deodoro (SAAE), Superintendencia Federal de Pesca e Aquicultura de Alagoas (SFPA/AL), Secretaria Municipal de Educação (Semed).