Uma testemunha, considerada peça fundamental e ainda mantida em sigilo, pode ser determinante na investigação da morte da funcionária pública Raquel Martins Damasceno, 47 anos. A família acredita que o depoimento pode apontar o que realmente aconteceu na sala de cirurgia onde a paciente era submetida a uma abdominoplastia, se houve ou não negligência no processo.
O caso vai ser investigado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM), que deve instaurar um processo de sindicância na próxima segunda-feira, onde os fatos serão relatados e documentações entregues, para que sejam feitas as averiguações sobre o caso.
O presidente do CRM em Alagoas, Fernando Pedrosa, que está em Brasília, comentou o caso e prometeu averiguar, desde que os interessados se façam presentes na investigação. “Na segunda-feira, estaremos instaurando uma sindicância, mas, para que possamos entender os dois lados, tanto a família da vítima quanto os médicos, precisamos que todos se posicionem”, disse.
Pedrosa ainda falou sobre os dois laudos apresentados até o momento, onde a Santa Casa, hospital que recebeu Raquel após as complicações, apontou morte por parada cardíaca e embolia gordurosa, enquanto o Instituto Médico Legal (IML) confirmou morte por razão indeterminada.
“Assim que chegar a Maceió, irei analisar as documentações e ver esses laudos, no qual ainda não tive acesso. Posso dizer que é possível que tenha acontecida uma embolia gordurosa, por conta do procedimento que ela fez. Com relação ao IML, acho que este instituto é responsável pelas análises externas. No caso dessa funcionária pública, a parte clínica deveria ter feita com o Serviço de Verificação de Óbito (SVO), seria o mais correto. Mas, a partir da próxima semana é que poderemos se posicionar oficialmente sobre a situação”, afirmou.
Como o presidente do CRM pediu, que a família se posicionasse sobre o caso, o CadaMinuto procurou o genro da vítima, Alexsandres Almeida, que confirmou a movimentação da família sobre o caso. “Não posso dar a certeza que houve negligência, mas é certo que a equipe de médicos não estava preparada para qualquer tipo de situação adversa”, criticou.
Detalhes e testemunha
Alexsandrys Almeida ainda relatou detalhes da cirurgia e confirmou que uma testemunha poderá ajudar na solução do caso. Segundo o genro da Raquel Martins Damasceno, a funcionária pública estaria com a cirurgia marcada para o dia 12 deste mês, ou seja, na próxima segunda-feira. No entanto, uma desistência acelerou o processo cirúrgico.
Uma testemunha que presenciou todos os detalhes da cirurgia, já se colocou à disposição da família para esclarecer todas as dúvidas e possivelmente esclarecer, se houve ou não negligência no processo. Porém, essa testemunha será mantida em sigilo e só prestará qualquer tipo de depoimento em juízo.
Na última terça-feira, a cirurgia de abdominoplastia que tiraria gordura das costas, da barriga e das coxas para colocar nas nádegas, teve início por volta das 08h30 e seguiu até as 15h, quando houveram as complicações no centro cirúrgico. Segundo Alexsandrys, três cirurgias estavam sendo realizadas simultaneamente, cada uma com um anestesista. Porém, após as complicações, os três estiveram juntos tentando reanimar Raquel, que já apresentava insuficiência respiratória.
No entanto, as tentativas foram frustradas e sem qualquer tipo de solução, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado exatamente às 15h08, quando removeram Raquel do Instituto dos Olhos de Maceió até a Santa Casa de Misericórdia da capital. Segundo a certidão de óbito, Raquel Martins Damasceno veio a falecer exatamente às 15h40, em decorrência de parada cardíaca e embolia gordurosa.
O genro da vítima ainda colocou em ‘xeque’ a competência do médico, Walter Custódio de França e da estrutura do local onde foi feita a cirurgia. Segundo o parente, o Instituto dos Olhos de Maceió não possui nenhum tipo de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Porém, o CRM já se posicionou e afirmou que o Instituto não precisaria ter UTI.
Alexsandrys Almeida também questionou o excesso de procedimentos na abdominoplastia, uma vez que seriam retiradas gorduras da barriga, das costas e das coxas, colocando em dúvida, como seria o pós-operatório.
Na próxima semana, O CRM estará iniciando o processo de sindicância e em paralelo, a família da vítima estará recolhendo documentos, certidões de óbito, laudos e testemunhas para participarem da investigação.