Deputado ironiza bordão de Galvão, vira inimigo do MMA e já ganha opositores em Brasília

08/03/2012 09:15 - Outros Esportes
Por Redação
Image

Em alta no Brasil e com cada vez mais investimento e visibilidade, o MMA parece já ter eleito por aqui um de seus principais vilões, o deputado federal José Mentor (PT-SP), que tem como intuito proibir a transmissão deste esporte em emissoras de TV abertas ou fechadas.

O parlamentar propôs a emenda em 2009 depois de ficar assustado ao ver as lutas. Naquela época, a TV Globo nem sequer transmitia combates ao vivo (começou a fazer isso em 2011), e na TV aberta tudo era visto somente pela Rede TV!. Nomes como Anderson Silva e Junior Cigano eram de pouco conhecimento no mundo do esporte nacional.

Agora, com a expansão do esporte, o projeto passou a ganhar repercussão, e Mentor passou a ser alvo dos defensores da modalidade. "Já recebi xingamento de tudo quanto é jeito", falou.

Até Anderson Silva entrou na discussão e fez críticas ao projeto. "É lamentável ter um cara desses no congresso. Lutador luta, politico faz política, então ele tem que parar de falar besteira. Ele deveria se preocupar com o dinheiro que está sendo desviado, com segurança, por favor".

Mentor deixa clara sua visão negativa em relação ao MMA e brincou até com a classificação que o narrador da TV Globo Galvão Bueno deu ao chamar os lutadores do UFC de "gladiadores do terceiro milênio".

"Isso é uma barbaridade, vale até bica nas costas. Um cara joga o outro pra baixo com a cabeça no chão e depois dá socos como se a mão fosse um pilão. Aí o outro imobiliza o rival na ´gradinha´ e dá cotoveladas na boca do sujeito. Como pode uma coisa dessa? Rinha de galo é proibida. E a rinha humana, pode então? É um negócio que não tem cabimento", falou.

"Em Roma acontecia uma luta popular que entupia de gente e eles lutavam até a morte. Aí o imperador fazia o gesto. Aqui só falta o gesto do imperador. O povo gosta. Ai o Galvão Bueno chama o pessoal de gladiadores do terceiro milênio? Como pode uma coisa dessas", continuou.

Mas o petista, mesmo sabendo da repercussão negativa para alguns de sua ideia, adota o discurso conciliador e reitera querer resolver a situação democraticamente e com a participação de todos os defensores do MMA em uma audiência pública. "Só quero um debate, não estou baixando o nível. Quero uma discussão com a participação de todos", falou.

"A intenção é fazer uma audiência pública. Chamando profissionais da área médica, psicólogos, educadores, lutadores, empresários que patrocinam as lutas e a televisão. Queremos um debate qualificado e de alto nível. Um debate sobre o assunto. É importante um debate da sociedade para esclarecer tudo isso", continuou.

A ideia de Mentor já gera críticas de alguns de seus companheiros de Brasília, que entendem que a medida é de censura. Inclusive o ex-pugilista e deputado Acelino Popó Freitas (PRB-BA)

"Acho que o deputado José Mentor quer aparecer. Ele deve ter sido criado em um playground. Querer proibir o livre arbítrio das pessoas? Dos 513 deputados, o único que não gosta de MMA é ele. Todos os outros comentam. Só temos referência no esporte por coisas que passam na TV. MMA é um conjunto de artes marciais, mudaram as regras e está menos violento. Muitas mulheres, inclusive, praticam jiu-jitsu", falou.

"Eu sou contra qualquer coisa que sugira censura. Coibir um meio de comunicação? Isso não pode acontecer. Isso deve ser controlado pela emissora. O congresso nacional não pode tomar iniciativa que limite conteúdo. Não pode. Sou contra censura e limitação", endossou Antonio Imbassahy (PSDB-BA).

O projeto agora está nas mãos da comissão de Ciência e Tecnologia. O relator designado pela comissão, o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), dará seu parecer perante a todos os membros. Para ele continuar tramitando, precisa receber pelo menos metade da aprovação e mais um voto.

Depois disso, caso avance, ainda passa por outra comissão, de Constituição e Justiça, antes de ir para votação final no plenário da câmara.

O relator não quis adiantar qual sua posição. “Seguramente o presidente da comissão vai marcar uma audiência pública. Na posição que tenho, quero ouvir as posições para apresentar um relatório com o máximo de isenção. Vou ouvir todas as partes.”

A Rede Globo, que transmite um evento de MMA, limitou-se a dizer que "não comenta projetos de lei".

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..