Assembleia Geral de ONU condena repressão do regime sírio

17/02/2012 04:46 - Brasil/Mundo
Por Redação

A Assembleia Geral da ONU aprovou nesta quinta-feira por grande maioria uma resolução que condena "as sistemáticas violações dos direitos humanos" cometidas pelo regime sírio de Bashar al-Assad e pede o início do plano de transição proposto pela Liga Árabe.

A resolução, apresentada na Assembleia Geral menos de duas semanas depois do veto de Rússia e China a uma iniciativa semelhante no Conselho de Segurança, foi aprovada por 137 votos a favor, 12 contra e 17 abstenções.

Entre aqueles que se opuseram à resolução estão Rússia, China, Irã e os países latino-americanos da Alba (Alternativa Bolivariana para os Povos da Nossa América, formada entre outros por Venezuela, Cuba, Bolívia e Nicarágua).

Uma primeira resolução denunciando a situação na Síria foi aprovada pela Assembleia Geral da ONU em 19 de dezembro por 133 votos a favor, 11 votos contra e 53 abstenções (entre eles Rússia e China).

Diferentemente do Conselho de Segurança, na Assembleia Geral da ONU não existe o direito a veto, apesar de ao mesmo tempo suas decisões não serem vinculantes.

O texto expressa a "grave preocupação" pela deterioração da situação na Síria e condena as "sistemáticas e amplas violações aos direitos humanos e às liberdades fundamentais por parte das autoridades sírias".

Além disso, insiste na necessidade de aplicar o plano proposto pela Liga Árabe, que prevê uma transição a um sistema democrático e pluripartidário, sem mencionar de forma expressa que o presidente sírio, Bashar al Assad, ceda seu cargo.

Ao apresentar o texto, o embaixador egípcio diante da ONU pediu, em nome da Liga Árabe, uma "resposta imediata" diante de uma "inaceitável escalada" na Síria, deixando claro de todas as formas sua "rejeição a uma intervenção estrangeira".

Por sua vez, o representante permanente da Venezuela diante da ONU, embaixador Jorge Valero, acusou o Ocidente de buscar "tornar a Síria em um protetorado". "Denunciamos diante do mundo que potências imperiais e seus aliados se propuseram a provocar uma mudança de regime na Síria, ainda às custas de maior derramamento de sangue", afirmou.

Tal como havia ocorrido no Conselho de Segurança, a Rússia tinha exigido sem sucesso várias emendas ao projeto, entre elas apagar a lista de abusos cometidos por Damasco contra civis e exigir "o fim dos ataques por grupos armados" da oposição síria.

Segundo organizações humanitárias, ao menos 6 mil pessoas morreram na Síria desde o início da revolta, em meados de março passado. Apenas desde 3 de fevereiro, morreram em Homs ao menos 377 civis, incluindo 29 crianças, segundo a Anistia Internacional.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente
Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores - já organizados e dispondo de um exército composto por desertores das forças de Assad -, sem surtir efeito. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, o as forças de Assad investiram contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. A ONU estima que pelo menos 5 mil pessoas já tenham morrido na Síria.
 

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