Controle de natalidade pode custar voto católico a Obama

08/02/2012 04:18 - Brasil/Mundo
Por Redação

O obstetra Joe Casillas, do sul da Califórnia, costuma receitar métodos contraceptivos às suas pacientes. Embora seja católico praticante, ele não segue a doutrina da igreja que vê a contracepção como pecado.

Mas Casillas ficou chocado com a recente decisão do governo Obama de que instituições religiosas precisam seguir com seus funcionários as mesmas regras de outras empresas, oferecendo a contracepção como parte do seu plano de saúde. A ideia de que o governo poderia obrigar hospitais católicos a subsidiarem o controle da natalidade - ou, para evitarem a regra, deixarem de oferecer plano de saúde aos seus funcionários - deixou o médico perplexo.

Agora, esse eleitor registrado como democrata, que votou em Obama em 2008, diz não ter certeza se apoiará a reeleição do presidente. "Isso me fez dar uma pausa", afirmou.

Por todo o país, a medida irritou norte-americanos católicos - um eleitorado crucial e imprevisível. Cerca de um quarto dos eleitores dos EUA são católicos, e esse grupo historicamente oscila entre os democratas e republicanos.

Nos últimos dias, o governo tem dito que está disposto a trabalhar com os grupos religiosos para encontrar maneiras de incluir a contracepção nos planos de saúde sem violar os princípios da fé. Mas até agora não surgiram propostas concretas.

Os protestos são liderados pela Conferência de Bispos Católicos dos EUA, que estimulou os párocos de costa a costa a lerem para seus fiéis durante as missas cartas ferozes contra a política federal.

"É difícil não ver essa nova medida como um ataque direto às consciências católicas e à liberdade das nossas instituições católicas", disse o arcebispo de Los Angeles, José H. Gómez, numa dessas cartas.

Os bispos também aconselharam os fiéis a bombardearem o Congresso e a Casa Branca com queixas. Até terça-feira, mais de 25 mil pessoas haviam aderido a um abaixo-assinado na internet pela revogação da regra.

Mas o governo diz que se trata de uma questão de igualdade feminina. A nova lei federal de saúde prevê que a maioria dos planos deve oferecer serviços preventivos - vacinações infantis e medição de pressão arterial, por exemplo - sem cobranças adicionais. Em meados de 2011, uma comissão de médicos e cientistas recomendou que a contracepção fosse incluída nessa lista, e o governo concordou.

Mas a regra não se aplica a planos oferecidos por igrejas e escolas que atendem ou empregam primariamente pessoas de um só credo. Nem exige que um determinado médico ou farmacêutico ofereça um serviço que o profissional considerar imoral.

Por outro lado, os planos de saúde oferecidos por instituições afiliadas a igrejas, mas que lidam com o público geral - caso de hospitais e universidades - precisam oferecer os métodos contraceptivos. A regra entra em vigor para a maioria das empresas em 1o de agosto; empregadores religiosos podem solicitar um adiamento de um ano.

Uma pesquisa divulgada na terça-feira pelo Instituto Público de Pesquisa Religiosa, uma entidade apartidária que tem entre seus conselheiros diversos líderes religiosos de orientação progressista, concluiu que a maioria dos norte-americanos - incluindo 58 por cento dos católicos - apoia a exigência de que planos de saúde ofereçam controle de natalidade gratuito. Uma ligeira maioria dos eleitores católicos, 52 por cento, diz que faculdades e hospitais com afiliação religiosa também devem ser obrigados a oferecer esse benefício.

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