Privatização de três aeroportos brasileiros rende R$ 24,5 bilhões

07/02/2012 04:42 - Economia
Por Redação

O governo privatizou nesta segunda-feira (6) três dos maiores aeroportos brasileiros. O leilão de concessão atingiu R$ 24,5 bilhões: três vezes e meia o valor pedido inicialmente.

A falta de espaço não era na sala de embarque de um aeroporto. Onze consórcios lotaram a Bolsa de Valores de São Paulo para o leilão de três dos principais aeroportos brasileiros. Juntos, Cumbica, em Guarulhos, Viracopos, em Campinas, e o Aeroporto de Brasília transportam 30% dos passageiros e 57% da carga aérea do Brasil.

Empresas nacionais e estrangeiras se juntaram para disputar um mercado que cresce muito no Brasil. Segundo a Secretaria de Aviação Civil, o número de passageiros nos aeroportos aumentou 118% desde 2003. E o movimento deve ser ainda maior nos próximos anos. O lucro que a administração desses aeroportos pode gerar fez com que a disputa começasse com lances muito acima dos valores mínimos exigidos pelo governo.

O maior valor foi pago pelo Aeroporto de Guarulhos. Mais de R$ 16 bilhões - um acréscimo de 373% sobre o valor mínimo. O vencedor foi o consórcio Invepar, formado por fundos de pensão brasileiros em sociedade com a sul-africana ACSA. Em 20 anos de concessão, os investimentos terão de ser de R$ 4,6 bilhões. A primeira obra será um novo terminal para 7 milhões de passageiros.

Viracopos, em Campinas, foi privatizado por R$ 3,8 bilhões - quase 160% acima do valor mínimo. Será administrado pelo consórcio Aeroportos Brasil, formado por duas empresas brasileiras e pela francesa Egis. O prazo de concessão é de 30 anos e o investimento total, de R$ 8,7 bilhões. A prioridade também é construir um terminal para 5 milhões de passageiros.

O Aeroporto de Brasília foi arrematado por R$ 4,5 bilhões - 673% a mais que o valor mínimo.
O consórcio vencedor foi a Inframérica, formado pela empresa brasileira Infravix e pela operadora argentina de aeroportos Corporación America. Durante o prazo de concessão, de 25 anos, o aeroporto vai receber R$ 2,8 bilhões em investimentos. A obra prioritária é a construção de um novo terminal com capacidade para 2 milhões de passageiros.

A Infraero será sócia dos consórcios, com participação de 49% em cada aeroporto. Mas, o ministro da Secretaria de Aviação Civil afirmou que o governo não vai interferir na administração. Segundo a Anac, a taxa de embarque continuará sendo reajustada anualmente pelo IPCA.

Durante os seis meses de transição para os consórcios, nenhum funcionário da Infraero será demitido. O controle do espaço aéreo não muda. Continua com o governo. Para a Agência Nacional de Aviação Civil fica a responsabilidade de fiscalizar a qualidade dos aeroportos privatizados.

O consultor de aviação Josef Barat disse que o leilão foi um sucesso, mas não uma solução.“O setor aéreo é muito complexo. Ele depende da infraestrutura aeroportuária, da infraestrutura aeronáutica, de controle do espaço aéreo e proteção do voo, da capacidade das empresas aéreas de aumentarem a sua oferta e depende, principalmente, de uma boa regulação e de um bom planejamento desse setor. Claro que não caberá ao concessionário privado planejar o setor aéreo do Brasil”, comenta.

O governo promete usar os recursos do leilão e a participação da Infraero no lucro dos aeroportos privatizados para melhorar o sistema aéreo brasileiro.

“Temos hoje no país 720 aeroportos públicos. São 130 que tem voos das companhias regulares. Queremos aumentar isso. Pretendemos dar condições para que as companhias aéreas possam voltar. No sentido de melhorar o desenvolvimento do país e fazer uma integração melhor do país também”, defende o ministro chefe da Secretaria de Aviação Civil, Wagner Bittencourt.

O ministro chefe da Secretaria de Aviação Civil disse também que o governo ainda vai discutir os próximos passos da reestruturação do sistema aéreo. E que não há data prevista, nem lista de aeroportos para um próximo leilão. A presidente Dilma Rousseff afirmou que o próximo passo é garantir a administração eficiente dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..