Jornada intensa de trabalho, esforço repetitivo, postura inadequada e falta de exercícios físicos que relaxem os músculos e tendões. Se evitadas, essas ações poderiam livrar os trabalhadores das Lesões por Esforço Repetitivo e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER-Dort). Para orientar os trabalhadores do campo, técnicos da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) realizaram uma ação destinada aos cortadores de cana da Usina Coruripe. A iniciativa fez parte da programação do Dia Mundial de Combate LER/Dort.

A atividade correspondeu a uma das exigências da portaria ministerial 2.866, sancionada pelo governo federal em dezembro de 2011, que institui a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e Floresta no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Estudo realizado pelo Ministério da Saúde (MS) apontou que os trabalhadores rurais, a exemplo dos plantadores e cortadores do setor canavieiro, são muito suscetíveis ao desenvolvimento da LER-Dort.

Para fazer cumprir a portaria, técnicos do Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) visitaram as instalações da usina. Eles estiveram em um plantio de cana de açúcar, onde o fisioterapeuta Ernestino Veiga orientou os cortadores de cana-de-açúcar sobre a importância de exercícios físicos, que são essenciais para evitar a LER-Dort, doença que ainda é subnotificada em Alagoas, já que em 2010, foram registrados apenas 62, segundo dados do Ministério da Saúde (MS).

Acompanhando as inspeções dos profissionais da Sesau, o chefe de Recursos Humanos da Usina Coruripe, Adalberto Oliveira, informou que a empresa investe em uma política de qualidade de vida que realiza atividades com foco na prevenção da Lert-Dort. “Para isso, é realizado acompanhamento médico periódico, além de ginástica laboral e exercícios físicos diários, antes, durante e após o trabalho do corte da cana de açúcar”, assegurou.

Sintomas

Os cortadores de cana da Usina Coruripe foram informados sobre a doença, seus sintomas e causas. De acordo com o médico Juracy Roberto, os principais sinais da LER-Dort são fadiga muscular, sensação de peso e cansaço, dores, inchaço perda dos reflexos, sudorese excessiva, choques nos membros e falta de firmeza nas mãos.

No caso de sentir esses sintomas, o médico do Cerest recomendou que os trabalhadores devem procurar um médico do trabalho, que irá analisar o histórico clínico do paciente, observando as atividades realizadas no trabalho, inclusive, no lazer. “Paralelo a tudo isso, o médico realiza um exame físico geral, além de alguns complementares, como radiografias, ecografias, ressonância magnética e exames laboratoriais para verificar condições reumáticas”, explicou.

Como evitar

A diretora do Cerest, Gardênia Santana, que também participou da atividade, recomendou que a LER-Dort pode ser tratada ao flexionar os punhos e comprimir a mão contra a outra, cruzar dedo com dedo e puxá-los alternando-os, fechar as mãos como se estivesse segurando algo com força e esticá-los bem, fazer “ondas” com mãos e dedos.

Ainda de acordo com ela, é imprescindível “balançar as mãos, girar os punhos em círculos, fazer ginástica laboral, revezamento nas tarefas, realizar pausas obrigatórias de 10 minutos a cada 50 minutos, além de evitar trabalhar por mais de seis horas consecutivas”, orientou.