Após desabamento, Crea recebe 160 denúncias sobre obras em prédios do Rio

31/01/2012 20:57 - Brasil/Mundo
Por Redação

A ameaça de um novo desabamento se tornou motivo de preocupação para os cariocas que convivem com obras na vizinhança. Após o desmoronamento de três prédios no centro do Rio, o Crea-RJ (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro) já recebeu 160 denúncias de reformas em edifícios.

Assustados com o cenário da tragédia na avenida Treze de Maio, funcionários e moradores de prédios do centro engrossam a lista de denúncias que chegaram ao Crea-RJ nos últimos três dias. Nesta terça-feira, o presidente da Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes da entidade, Luiz Antonio Cosenza, vistoriou dois edifícios a alguns metros do local do desabamento.

- Hoje nós vistoriamos uma obra na rua Buenos Aires e outra na rua Uruguaiana. Em três dias, recebemos muitos pedidos de vistoria em obras no centro do Rio e na zona sul, em especial no bairro de Copacabana.

Segundo Cosenza, as duas obras do centro estão regularizadas. Nesse caso, as reformas têm engenheiros responsáveis e ART (Anotação de Responsabilidade Técnica). As obras no nono andar do edifício Liberdade, os mais alto que desabou sobre os outros dois menores na última quarta-feira (25), não tinham laudo técnico e nem profissional responsável.

Engenheiro tem que acompanhar quebra de paredes

Construído na década de 1940, o prédio da avenida 13 de Maio passou por várias intervenções sem autorização da prefeitura, como quebra de paredes e abertura de janelas. Cosenza lembra que qualquer obra que exija a derrubada de paredes precisa do acompanhamento de um engenheiro.

- No caso de uma troca de azulejos, pintura ou abertura na parede que não seja de uma coluna para ar condicionado não precisa de um profissional responsável. No caso de derrubada de paredes, o engenheiro realiza cálculos para mensurar a existência de riscos.

Para Cosenza, o síndico deve sempre ficar atento às obras que são realizadas nos prédios. Em caso de indício de irregularidade, ele pode entrar em contato com o Crea pelo telefone (21) 2179-2000.

Depois disso, o conselho verifica se a obra possui ART. Se não houver, a construção, segundo Cosenza, receberá a visita do Crea, que dará ao proprietário da reforma uma notificação com o prazo de 10 dias para a contratação de um engenheiro.

- Vale lembrar que a obra não tem poder de embargar uma obra irregular. Esse papel é da prefeitura ou da Defesa Civil.

Cinco corpos continuam desaparecidos

O Corpo de Bombeiros ainda procura por cinco corpos que ainda estariam desaparecidos entre os escombros dos três prédios que desabaram. O trabalho de buscas, que entrou no sétimo dia nesta terça-feira, se concentra na parte do edifício mais alto que ainda continua de pé e em edifício vizinho.

O secretário estadual de Defesa Civil e comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Sergio Simões, disse que o mau cheiro na construção de número 6 da avenida Almirante Barroso reforça a hipótese de que corpos podem ter sido lançados durante o desabamento. A varredura é feita de forma manual para impedir possíveis danos aos corpos que ainda podem estar no local.

Segundo o Corpo de Bombeiros, buscas ainda não têm uma data para terminar. Os bombeiros já resgataram 17 corpos em meio aos escombros. Seis partes de corpos foram encontradas nos entulhos levados para o depósito da prefeitura.

Três mortos ainda não foram identificados. O IML (Instituto Médico Legal) recolheu amostras dos familiares dos desparecidos para fazer o reconhecimento dos corpos.

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