Em União dos Palmares, falta de matadouro põe população em risco

24/01/2012 16:53 - Geral
Por Redação
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Destruído há quase dois anos, durante a enchente do Rio Mundaú, o matadouro de União dos Palmares está longe de ser reconstruído. Num município com cerca de 70 mil habitantes, comerciantes fazem uma verdadeira peregrinação a outros municípios para garantir o abastecimento de carne na cidade.

Além das despesas com o deslocamento, eles têm perdas de mais de 10 quilos por cada animal abatido, devido às condições precárias de higiene.

Prejuízo que também é sentido pelos consumidores, que pagam mais caro por uma carne de má qualidade. O sentimento de revolta é grande, principalmente para quem sobrevive dessa atividade. Quem imagina que a ausência do matadouro público prejudica somente quem vende a carne bovina, está muito enganado.

É que toda população da região fica exposta ao risco que uma carne de manejo incorreto causa aos consumidores.

No espaço onde funcionava o antigo matadouro, apenas terra, pedras, mato e sujeira. Um cenário incompreensível para quem precisa fazer o abate naquele local. “A enchente só destruiu uma parte, e estava sendo reconstruída, quando, já perto de as obras serem concluídas, a prefeitura resolveu acabar com tudo. Não havia necessidade de destruir o prédio”, conta o comerciante Marcelo Tavares Galvão.

Para ele, e outras 500 pessoas, toda essa situação representa o descaso que a administração municipal tem tratado a questão. “O prefeito [Areski Freitas Júnior(PTB), conhecido por Kil] não quer o matadouro, simplesmente, é isso. Hoje, somos completamente dependentes de São José da Laje e Santana do Mundaú”, critica o açougueiro Édson da Silva. Os dois municípios são distantes cerca de 25 a 30 quilômetros de União.

Galvão, comerciante no ramo há 50 anos, revela que as várias reuniões tidas com o prefeito foram em vão. “Ele [o prefeito] diz que está providenciando, mas nada avança. Ninguém vê alguma coisa sendo feita, e o último encontro foi há uns quatro meses. Nós que somos totalmente prejudicados, pois temos que recorrer aos matadouros de outros municípios que não têm a mesma estrutura que o daqui tinha. Tudo custa mais caro, para levar e para buscar o boi, chegando a gastar entre R$ 40 a R$ 50 por cada um”.

E os prejuízos não param por aí. A precariedade do matadouro de São José da Laje, por exemplo, pode trazer riscos à saúde da população que consome a carne: Galvão, não se esquiva em mostrar pedaços de carne cheios de larvas de mosca varejeira. “Não tenho vergonha. Vergonha é União não ter matadouro.

Tudo aquilo ali (referindo-se a uma quantidade de lixo amontoada) representa as perdas que temos, porque são partes contaminadas, que jamais colocaríamos à venda. Somente de um boi, perco até 10 quilos. E o pior é que o problema não é com o boi, e sim as condições as quais ele é abatido”, ressalta.

Desse modo, inevitavelmente, a população agora paga mais caro por uma carne pior. “Todo mundo na cidade se sente prejudicado. A carne daqui era mais limpa, e o pior é que o preço aumentou. O que eu comprava por R$ 9, agora pago R$ 13”, reclama Helena Divina, proprietária de um restaurante.

Para Alexandra da Silva, a situação ainda é mais delicada. “Fica difícil pra gente que trabalha na roça e não tem emprego fixo. Eu pagava R$ 6 e agora compro por R$ 8 o mesmo tipo de carne”, diz. Assim como ela, a maior parte da comunidade local é carente.

A comerciante Ana Paula Ferreira conta que o governo municipal até disponibiliza uma Kombi para transportar quem realiza o abate nos dois municípios, porém, isso não é suficiente. “às vezes não tem o veículo, demora muito, quebra. Tem vez que chego lá de meio-dia e volto de meia-noite, como aconteceu na semana do Natal e Ano Novo”, lembra.

População pede ajuda ao deputado JL

O deputado federal João Lyra (PSD), foi procurado por machantes, açougueiros e agropecuaristas da região. Eles solicitaram uma solução para a questão do matadouro de União dos Palmares. O parlamentar se comprometeu em encontrar uma solução.

A promotora de Justiça da 4ª Vara de União dos Palmares, Carmem Silvia Sarmento, admite que a situação dos dois matadouros são bem precárias, porém a interdição, segundo ela, incentivaria o comércio de carne clandestina.

“Tanto o de São José da Laje quanto o de Santana do Mundaú não possuem as condições exigidas por lei, mas não se tem para onde correr: se fecha todos, perde-se o controle, porque eles vão passar a abater os animais nos sítios.

Daí da início à comercialização de carne clandestina, o que é muito pior”, explica. Sobre a construção de um novo matadouro em União, a promotora afirmou que está em tramitação um projeto para um matadouro regional. “Por isso a demora dela, pois vai ter equipamentos que os outros não tem”, diz.

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