Restaurante alvo de blitz é o mesmo envolvido em suspeita de racismo

20/01/2012 04:12 - Brasil/Mundo
Por Redação

O restaurante que foi alvo de uma blitz na manhã desta quinta-feira (19) no Paraíso, Zona Sul de São Paulo, é o mesmo que se envolveu em uma polêmica no final de 2011, quando um casal de espanhóis acusou funcionários de expulsar uma criança negra do estabelecimento. Segundo a polícia, na operação desta quinta foram encontrados frangos e bacons fora do prazo de validade.

No início da tarde desta quinta, seis agentes da Vigilância Sanitária estiveram no restaurante Nonno Paolo, na Rua Abílio Soares, para analisar as condições do local. O estabelecimento poderá ser lacrado ainda nesta quinta.

Policiais da 2ª Delegacia de Saúde Pública, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), participaram da ação.

A polícia apreendeu ao menos 80 kg de frango e bacon vencidos ou sem informação de data de validade. De acordo com o delegado Virgílio Guerreiro Neto, o ato configura crime contra o consumidor, cuja pena varia de dois a cinco anos de prisão. "Não pudemos constatar de onde veio, em qual avícola foi abatido, como foi conservado."”

Uma sócia do restaurante foi levada à delegacia para depor. Como a operação ainda ocorria às 17h15 e as diferentes irregularidades e as quantidades de produtos eram contabilizados, o delegado disse que ainda não era possível saber se a mulher poderá pagar fiança e ser liberada ou se irá ficar presa.

O G1 esteve no restaurante no início da tarde, mas funcionários disseram que estavam proibidos de dar declarações.

Denúncia de racismo
No dia 30 de dezembro de 2011, um casal de espanhóis relatou que seu filho de 6 anos foi expulso do Nonno Paolo após ficar sozinha na mesa. O garoto, que é de origem etíope, foi adotado pelo casal há cerca de dois anos.

Segundo o casal, o menino disse que um senhor o colocou para fora do estabelecimento. O advogado do restaurante disse que o menino saiu espontaneamente após ser abordado pelo proprietário. A criança foi encontrada pela família a um quarteirão do local.

A mãe do menino procurou o 36º Distrito Policial, no Paraíso, e registrou um boletim de ocorrência. No mesmo dia, a mulher prestou depoimento. O delegado Márcio de Castro Nilsson, titular da delegacia, instaurou um inquérito para apurar o caso.

A Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo também instaurou um processo para apurar se o garoto sofreu discriminação racial.

Um funcionário foi afastado por conta do caso. O delegado Neto negou que a operação desta quinta tenha sido motivada por algum tipo de denúncia. Ele afirmou que se trata de trabalho rotineiro da delegacia, de vistoriar locais que comercializam alimentos. No ano passado, por exemplo, cerca de 300 estabelecimentos foram autuados pela delegacia.

O delegado informou ainda que, apesar de as fiscalizações fazerem parte da rotina do trabalho da Delegacia de Saúde Pública, essa foi a primeira vez que o departamento visitou o restaurante Nonno Paolo.

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