Pistoleiro que executaria deputado é preso e revela valor do 'serviço'

13/01/2012 08:27 - Política
Por Redação
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Um telefonema anônimo, falta de provas concretas e a história de um plano para executar dois deputados estaduais alagoanos poderia ‘arquivada’. Poderia. Mas a prisão de um homem em Pernambuco revelou que a trama (tratada anteriormente como uma suposição) tinha veracidade e um forte nome por trás: Cícero Ferro.

As páginas da política alagoana novamente se entrelaçam com as policiais. O deputado já responde na justiça por diversos crimes desta conotação, como no caso do vereador Fernando Aldo, e agora seu nome volta a protagonizar uma história com semelhança a outra execução ocorrida há trezes anos, cuja vítima foi a deputada Ceci Cunha.

A história seria a mesma, mudando apenas os personagens. Dudu Holanda era alvo de um pistoleiro. Sua morte beneficiaria diretamente Cícero Ferro. O desfecho se deu de forma diferente, com a prisão do ‘quase-autor material’ e divulgação de quanto o serviço custaria ao bolso do parlamentar: a cifra de R$ 140 mil.

Os detalhes do depoimento do preso, cuja identidade ainda não foi revelada, são mantidos em sigilo. Mas sua prisão comprova o plano de morte que foi articulado por José Maria Ferro, motorista e parente de Cícero Ferro. O homem foi ouvido por agentes da Delegacia de Salgueiro, após ser detido pela Polícia Federal de Pernambuco.

O encontro entre os dois aconteceu numa estrada que dá acesso ao assentamento Barra Nova, na cidade de Águas Belas, interior de Pernambuco. Apenas no local, o pistoleiro foi informado quem seria sua vítima: Dudu Holanda. O pagamento, que seria dividido em duas parcelas, teria um valor antecipado: R$ 50 mil, no dia da execução.

Todos os detalhes da vida de Holanda foram repassados ao executor, que teve acesso ao endereço do parlamentar, fotos do veículo utilizado por ele, além de uma rota para a fuga. A confirmação do autor intelectual também veio na conversa: José Maria Ferro garantiu que a ‘encomenda’ partiu de Cícero Ferro.

O acerto seria o seguinte. No dia 31 de dezembro de 2011, o pistoleiro receberia parte do pagamento e o restante (R$ 90 mil) com a conclusão do serviço. O encontro para a ‘quitação do débito’ ocorreria no entroncamento da rodovia estadual AL-145, no acesso a cidade de Água Branca em Alagoas.

Para dar sucesso a emboscada, o pistoleiro confirmou que teria a ajuda de outras pessoas que lhe dariam cobertura, mas ele seria o responsável pelos disparos que tirariam a vida de Dudu Holanda. Os nomes dos outros ‘membros’ da tarefa não foram revelados, já que seriam conhecidos apenas na capital alagoana, num local definido por meio de mensagens telefônicas.

‘A casa caiu’

Visivelmente abalado, Dudu Holanda teve acesso a todas essas informações durante uma reunião ocorrida na sede da Polícia Civil de Alagoas, com o delegado-geral da instituição José Edson de Freitas. Ele confessou que a princípio que não acreditava que um colega de parlamento poderia tramar sua morte, como foi divulgado em primeira mão pelo Portal CadaMinuto. A segurança de Holanda, que segue de licença da Assembleia Legislativa de Alagoas por problemas de saúde, está ainda mais reforçada.

“A casa caiu. Quando fui informado pela polícia sobre o assunto, não quis acreditar no início, mas não se pode deixar de cogitar essa possibilidade, daí toda aquela movimentação e mudanças de rotina e segurança”, colocou.

Sem falar nomes, ele lembrou que a cada momento fica mais complicada a situação dos ‘citados’ no plano, fazendo referência ao deputado e seu suplente, Cícero Ferro. Dudu Holanda deixou a Polícia Civil acompanhado de seus seguranças particulares. Ele seguiu para a sede da Assembleia, onde tem uma reunião com os parlamentares Fernando Toledo, Maurício Tavares e Marcelo Victor.

O delegado José Edson garantiu que o caso permanece sob investigação e monitoramento da Polícia Civil de Alagoas, assegurando ainda que todas as medidas continuam sendo tomadas para manter a segurança dos parlamentares.

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