Justiça decreta prisão de empresário suspeito de causar acidentes

11/01/2012 06:16 - Brasil/Mundo
Por Redação

A Justiça de São Paulo decretou nesta terça-feira (10) a prisão temporária do administrador de empresas Michel Goldfarb Costa, de 34 anos. A informação é do delegado Marcos Antônio Manfrim, do 26º Distrito Policial. Costa é suspeito de ter feito disparos a esmo e de provocar uma série de acidentes na manhã desta segunda (9) em São Paulo, além de ter baleado um homem na barriga.

A Polícia Civil pediu na madrugada desta terça a prisão temporária do administrador. Entre os motivos alegados pela polícia estão três tentativas de latrocínio, tentativa de homicídio, disparo de arma de fogo e lesões corporais. O advogado de Costa, Nicolau Aun Junior, disse na tarde desta terça-feira que o jovem, caso seja realmente o autor dos crimes, atirou para “não matar”. “Ele treinava tiro ao alvo e praticava muito. Ele atirou para não matar, atirou para assustar. Isso tudo falando no plano das hipóteses”, afirmou.

O advogado disse que Costa “evaporou” após deixar o carro na Marginal Tietê e até o início da noite desta terça não havia feito contato. Ele disse temer pela vida do cliente e contou que Costa tinha uma arma de ar comprimido e alvos em casa. Aprendeu a atirar quando esteve em Israel. O advogado defendeu o caráter do cliente. “Ele tem 12 cachorros vira-latas que pegou na rua. Eu nunca vi alguém gostar de cães e ser uma má pessoa.”

Ainda segundo o advogado, o administrador se relacionava bem com a família, tinha amigos e uma namorada há quatro anos.

Câmeras
Segundo o delegado Manfrim, duas câmeras da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) poderiam ajudar a identificar a ação do criminoso, mas estavam desativadas. Não funcionava uma câmera na Avenida dos Bandeirantes, próximo do local onde o suspeito abandonou seu Corolla e roubou o primeiro carro, segundo a polícia. Também não estava em operação uma câmera da CET na esquina da Avenida Tancredo Neves com a Rua Nossa Senhora das Mercês, onde outro veículo foi roubado e o autor do crime fez disparos.

Uma outra câmera particular, instalada em um posto de gasolina na Marginal Tietê, perto do local onde o último veículo roubado foi abandonado, funcionava, mas apenas com imagens do interior do estabelecimento. Ela não poderá ajudar nas investigações.

Na segunda-feira, a Polícia Civil anunciou que Costa deve ser indiciado por tentativa de homicídio, roubo e disparo de arma de fogo. Costa é também artista plástico e mora em um condomínio de luxo em Cotia, na Grande São Paulo.

Para a polícia, Costa foi quem causou todos os acidente durante a manhã. Quatro pessoas já o reconheceram por foto. Segundo as investigações, ele bateu em pelo menos dois carros e um ônibus, baleou um homem na barriga e feriu outro de raspão.

O delegado responsável pelo caso, Marcos Antônio Manfrim, disse acreditar que o administrador tenha tido um "surto psicótico". "Aparentemente não há motivação, a não ser um surto", afirmou. O policial acrescentou que ao menos 20 tiros foram disparados.

A namorada de Costa prestou depoimento nesta segunda. Ela o descreveu como uma pessoa fechada, com poucos amigos, quase nenhum contato com a família e que não trabalhava. "Ele aplicava dinheiro na Bolsa de Valores", segundo o delegado.

A mulher contou à polícia que tudo começou às 4h desta segunda. Costa era conhecido por ter mais de dez cachorros, e eles começaram a latir nesse horário - o casal havia ficado acordado até tarde vendo filmes. O administrador teria ficado com medo de que a casa tivesse sido invadida. "Ele teve uma briga recente com o vizinho em relação ao barulho [dos cães] e teria sido ameaçado", disse Manfrin. "Quando a namorada dormiu, ele [Costa] saiu de casa deixou tudo aberto, as portas abertas. Ele saiu de carro, vestindo o colete e com a arma em punho."

A relação dele com a namorada era boa - o casal está junto há quatro anos e se vê aos fins de semana, segundo o depoimento. "O surto não ocorreu por conta de uma briga", afirmou o delegado-adjunto Dalmir de Magalhães.

'Dia de fúria'
O tenente da Polícia Militar Guilherme Willian Pacheco definiu a ação como um "dia de fúria". Segundo ele, a ação "foge do padrão de um assalto". “Ele em um dia de fúria e loucura teria pego uma arma e um colete e efetuado vários disparos em via pública”, afirmou.

Os policiais descobriram a identidade do suspeito após constatarem que ele é o dono do Corolla encontrado na Avenida dos Bandeirantes, na Zona Sul.

O Corolla, após derrapar, foi visto pela primeira vítima do criminoso, o taxista Elias da Silva, de 37 anos, que levava uma passageira para o aeroporto. Ele parou no semáforo e foi abordado pelo homem armado com uma pistola calibre 380.

Para o tenente, a ação foge do padrão, segundo relato das testemunhas que estiveram presentes durante todo o dia no 26º Distrito Policial, no Sacomã. “Em nenhum momento ele falou 'desce, que é um assalto', como a gente costuma ver. Ele atirou, depois tirava a pessoa de dentro do carro. Foge do padrão de um roubo normal."

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