O caseiro João Alfredo Santos, de 34 anos, espancado na Delegacia Regional de Viçosa esteve, na manhã desta sexta-feira (06), na Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas, para denunciar as agressões sofridas à Comissão de Direitos Humanos da entidade.
Ele estava preso, desde a última quarta-feira (04), pelo crime de posse ilegal de arma de fogo, após esconder objetos de Judarley Oliveira, dentre eles uma arma, pertencente ao acusado na morte do modelo Eric Ferraz. João Alfredo deixou a delegacia ontem, após pagamento de fiança e irá responder o processo em liberdade.
Na entidade, o caseiro não conversou com a imprensa. Ele foi recebido pelo presidente da comissão, Gilberto Irineu, com quem formalizou a denúncia. Ao final da conversa, Irineu explicou para a imprensa detalhes do que foi dito pelo caseiro, que revelou ter sido espancado por dezoito detentos. “O delegado foi quem começou a ouvi-lo, mas o depoimento foi concluído pelo chefe de operações da delegacia. Em seguida, o caseiro foi levado para a cela, onde acabou sendo agredido pelos presos”.
Irineu questionou o porquê da autoridade policial não ter isolado o preso, já que se tratava de um crime de repercussão no Estado e por isso, havia riscos de colocá-lo numa cela com outros detentos. “Ele deveria ter sido colocado num local onde pudesse ficar protegido”, afirmou.
O fato será comunicado pelo presidente da comissão ao Conselho Estadual de Segurança para que as medidas necessárias sejam adotadas e os culpados punidos com o rigor da lei. A Corregedoria da Polícia Civil também será avisada para que investigue o fato. “Não estamos no tempo da selvageria”.
Com medo de morrer, João Alfredo não vai retornar a Viçosa. Ele ficará com a família por uns tempos na casa de parentes, já que teme ser alvo de represálias na cidade. Santos foi espancado por presos na manhã desta quinta-feira (05), quando familiares ainda estavam na delegacia. O chefe de serviço, Humberto informou que foi aberto um procedimento contra três presos que praticaram a agressão contra o caseiro.
“Os presos foram indiciados por lesão corporal. Eles esmurraram o caseiro no rosto e na barriga. A irmã dele é testemunha de que foram os presos que praticaram a agressão e ficou muito nervosa, chorando. O xadrez fica próximo e ouvimos a movimentação na cela”, contou ele.