As manifestações populares nasceram no entorno dos engenhos, sob forte influência da população afrodescendente e indígenas. Alagoas apesar de ser um estado pequeno, em território, comparado aos outros estados do país, possui um dos maiores acervos, no que diz respeito à cultura popular. O Estado possui 24 folguedos populares, dois torés e três danças, totalizando 29 manifestações culturais populares ligadas ao folclore.

Nessas comemorações, os negros cantavam e dançavam, mesclando com os inúmeros rituais religiosos dos índios. Esses dois povos cantavam e dançavam geralmente como forma de agradecimento. Em sua maioria, esses festejos duravam toda a noite, cultuando e homenageando suas entidades espirituais. Homens, mulheres e crianças (presentes mais nas tribos indígenas), participavam das comemorações ao ar livre, os índios com os corpos pintados, os negros com sua vestimenta de costume. Nos dois rituais, encontram-se muitas semelhanças, como as danças em círculos ou filas, batendo palmas.

A partir dessas similaridades, pode- se dizer que os folguedos natalinos têm suas raízes, também, nas culturas indígenas e africanas. Exemplo disso, uma manifestação indígena que hoje se pode encontrar, nos folguedos natalinos, são os Torés. Eles são dançados ao ar livre, em círculos, nos quais os componentes utilizam máscaras e acompanham as músicas comandadas pelo mestre.

Logo, os folguedos populares tornaram-se indispensáveis nas comemorações natalinas. Os estudos sobre os folguedos alagoanos tiveram início há pouco mais de um século, quando os historiadores e antropólogos perceberam a necessidade de catalogar indícios de cultura popular. Boa parte dos folguedos são oriundos da Península Ibérica, no continente Europeu, ao chegar ao Estado de Alagoas, ganhou influências dos negros que eram utilizados como escravos.

Folguedos

Os estudos do historiador Théo Brandão mostram que, o Auto dos Guerreiros ou apenas Guerreiros, surgiu em 1927, a partir da mistura do reisado alagoano com o auto dos caboclinhos. Com um grande número de figurantes, eles interpretam as antigas danças usando trajes coloridos, imitando os da corte imperial.

Um dos grupos de guerreiro mais antigo é o Guerreiro Treme-Terra de Alagoas, fundado em 1980, e comandado pelo mestre Benon, um apaixonado pelo folguedo desde os sete anos de idade. O grupo é formado por 35 integrantes com idades entre sete e 80 anos. Esse folguedo é famoso em vários estados do Brasil.

Outro guerreiro conhecido em Alagoas é o Guerreiro Leão Devorador, fundado em 1997, comandado por Anadeje. O grupo tem 30 componentes entre 12 e 55 anos, localizado na Chã da Jaqueira. Eles já se apresentaram em São Paulo, Salvador e Recife.

O Reisado consiste em vários episódios, muitos existentes nos ranchos de Janeireiros e Reisados Portugueses. É formado por músicos, cantores, e dançarinos, que vão de porta em porta anunciar a chegada do Messias, no período natalino. O grupo homenageia os três Reis Magos e fazem louvações aos donos da casa. Este folguedo misturou-se com os Autos dos Congos, que já era um reisado. Os integrantes vestem roupas coloridas, com muita lantejoula, espelhos redondos e fitas de cores variadas. Os personagens são: Rei, Rainha, Mestre e Vassalos.

Em Alagoas, o Reisado Bananal é um dos mais antigos, fundado na década de 1930, pelo Mestre Osório, e localizado em Viçosa, o grupo foi criado para entreter as pessoas da comunidade. Esse reisado é composto por 25 integrantes e ensaia nos fins de semana na sede do Povoado.

O Fandango é sinônimo de danças ou sequência de danças. É constituído por uma série de cantigas náuticas de diversas épocas e origens que tratam odisséias marítimas dos navegadores portugueses, lembrando os sofrimentos de uma nau perdida, o sofrer da tripulação pela calmaria. É um alto de assunto marítimo que corresponde à Marujada, Barca e à Nau Catarineta. Em Alagoas o mais conhecido é o Fandango do Pontal da Barra.

O Pastoril é o mais conhecido e difundido folguedo popular de Alagoas. Esse folguedo é uma fragmentação do Presépio, sem textos declamados ou cantados. Se apresenta com uma orquestra, um grupo de 12 ou mais meninas, dividido em dois cordões. De um lado o encarnado é comandado pela mestra, do outro a contramestra comanda o azul. Elas se vestem de acordo com a cor do seu cordão, utilizam chapéus floridos e adornados com fitas da mesma cor.

Fundado em 1981, na Chã de Bebedouro, o Pastoril Estrela do Oriente é composto por 25 pessoas, incluindo músicos cujas idades variam de 60 a 86 anos. O diferencial do grupo é que eles se apresentam no interior do estado, em escolas e hospitais com a finalidade de alegrar os doentes.

O Bumba-meu Boi é uma manifestação que celebra o boi, esse folguedo é o resultado da união das culturas europeias, indígenas e africanas. O costume da dança foi intensificado pelos jesuítas. Eles acreditavam que, com a dança, podiam evangelizar os escravos, com mais facilidade. Em Alagoas, a apresentação tem traços de teatro de revista, tendo a figura do boi como personagem principal. Além do boi, que é construído de uma estrutura metálica pesada e revestida com brilho, fitas, e lantejoulas coloridas, comandado por um homem embaixo. Esse é guiado pelo ensaiador, e por um grupo que toca e canta músicas da região.

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