Formalização incentiva e impulsiona pequenos negócios em Alagoas

14/12/2011 04:55 - Economia
Por Redação

Alagoas é uma terra de novos empreendedores. Das 67.966 micro e pequenas empresas registradas no Estado, quase 23% foram formalizadas em 2011, um total de 15.562. São artesãos, doceiras, costureiras, manicures, cabeleireiros e vendedores, entre outros milhares de profissionais, que encontraram na formalização do negócio a oportunidade de mudar de vida e conquistar a independência financeira.
As facilidades para abrir uma micro e pequena empresa e os benefícios adquiridos pelos empreendedores ao formalizarem um negócio explicam o grande número de formalizações registrado em 2011. De acordo com a Junta Comercial de Alagoas (Juceal), que funciona como um cartório de registro de empresas, hoje os novos empreendedores não precisam mais esperar para registrar o próprio negócio, já que, em alguns casos, a formalização é instantânea.

“Trabalhamos para reduzir o prazo de abertura da empresa no Estado. No caso do Empreendedor Individual, se o empresário der entrada até 11h da manhã, ele sai com o registro na mesma hora; o processo é instantâneo. Para sociedades limitadas, o prazo é de 48 horas. Mas nosso objetivo é reduzir esse tempo para 24 horas no ano que vem”, afirma o presidente da Juceal, José Lages Junior.

APOSTA
Cícera Firmino é um exemplo de alagoana que apostou na formalização do negócio como ponto de partida para o sustento dela e da própria família. Em 1994, a cabeleireira resolveu abrir um salão de beleza improvisado na própria casa. Na época, a clientela era pouca e a profissional contava com a ajuda de apenas uma funcionária. O marido, o administrador de empresas José Luis, não apostava na ideia e não imaginava que o negócio um dia fosse dar certo.

“Eu não acreditava que o salão poderia dar certo, pois na época a indústria de cosméticos era pequena. O crescimento do salão veio com a evolução da indústria”, disse José Luis.

A indústria de cosméticos cresceu, a clientela de Cícera aumentou e a cabeleireira enxergou na formalização o diferencial para o crescimento. “Como empresa informal, eu encontrava muitas dificuldades para empréstimo, o que dificultava o crescimento do salão. A formalização trouxe diversos benefícios para o negócio”, afirmou a cabeleireira.

Hoje, o Salão Cícera Cabeleireira oferece mais de 40 serviços no ramo de beleza, possui uma confortável infraestrutura, uma lista com cerca de 3 mil clientes e uma equipe de 15 funcionárias, além do próprio José Luis. O marido, que não acreditava no negócio, virou o administrador financeiro da empresa.

“O serviço do salão é muito bom. A pessoa que conhece retorna com certeza, pois o tratamento dispensado aos cabelos é diferenciado. Já frequento o salão há uns três anos e trouxe toda minha família para conhecer os serviços oferecidos aqui”, disse a cliente Irabela Carvalho.

EMPRESA PILOTO
Mas não foi somente a formalização que fez o negócio de Cícera crescer. A busca constante por capacitação e a oportunidade de participar como empresa piloto do programa Gestão de Excelência Competitiva (GEC) contribuíram para o sucesso do Salão Cícera Cabeleireira.

Desenvolvido pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Alagoas (Sebrae/AL), o GEC é uma metodologia que tem como finalidade auxiliar a empresa na organização e gestão de seus processos, possibilitando visão de mercado e autonomia para liderá-los. Com durabilidade de oito meses, o programa trabalha – por meio de consultorias – os oito critérios estabelecidos pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ): liderança, estratégias e planos, clientes, pessoas, informação e conhecimento, processos, sociedade e resultados.

“A participação neste programa possibilitou a padronização de todos os nossos serviços, desde uma simples lavagem dos cabelos até os serviços mais complicados. Hoje podemos mudar de colaboradora, mas a forma de conduzir o serviço vai ser sempre a mesma”, explicou a empresária.

Na hora de fazer o registro, o que vai diferenciar uma empresa da outra é o faturamento do negócio. Microempresas são aquelas que possuem um faturamento anual de, no máximo, R$ 240 mil. As que faturam entre R$ 240 mil e R$ 2,4 milhões por ano são consideradas empresas de pequeno porte. Já o Micro Empreendedor Individual (MEI) é a pessoa que trabalha por conta própria, se legaliza como pequeno empresário e tem um faturamento máximo anual de até R$ 36 mil.

Andrea Julião de Oliveira, 31 anos, se enquadra na última categoria. Sem escolaridade e com uma história de vida de superação, ela também virou empreendedora e está dando os primeiros passos rumo ao sucesso. Formalizada como empreendedora individual, ela já morou nas ruas, foi viciada em álcool, sobreviveu da venda de latinhas e desinfetantes caseiros e, agora, depois de vencer uma batalha travada contra si e contra o mundo, tornou-se proprietária de uma loja de confecções.

“Sou insistente, muito insistente. Antes eu olhava a minha mesa e só via pão, isso quando tinha algo para comer. Hoje, tenho fartura e me sinto realizada. De agora em diante, só penso em crescer mais e mais”, afirma.

Para abrir o próprio negócio, Andrea contou com a ajuda de amigos que já trabalhavam no ramo de vendas. Analfabeta, ela conta que desconfiava de tudo, até que foi encaminhada ao Sebrae/AL por um colega vendedor de caldo de cana, já formalizado como empreendedor individual. Lá, ela encontrou as respostas para tantas perguntas e acabou se formalizando.

“Um dos benefícios trazidos pela formalização foi poder utilizar a máquina de cartões de crédito e débito. Como a minha loja ainda é pequena, muitas pessoas que chegam para comprar querem levar fiado, mas eu sempre os convenço a pagar no cartão, o que é bem melhor pra mim porque evito calotes e prejuízos”, conta Andrea.

Para montar a loja de confecções, Andrea mudou de vida radicalmente. Deixou para trás a casa e o bairro onde morava e foi se estabelecer em uma região mais movimentada, onde já tinha conquistado alguns clientes na época em que vendia desinfetantes caseiros.

O investimento inicial no negócio foi de R$ 800 e, hoje, menos de seis meses depois, ela não sabe ao certo quanto já investiu. Destaca apenas que é do pequeno negócio que ela e a irmã sobrevivem atualmente. Com o lucro das vendas, ela já comprou até uma moto.

“Eu não sei escrever e nem ler, mas sempre fui batalhadora. Trabalho desde os 12 anos e hoje posso dizer que estou realizada. Depois de tanto tempo, me sinto um ser humano de verdade. Já comprei até uma moto. O que eu quero daqui para frente é aumentar o meu negócio e, quem sabe, abrir uma loja ainda maior”, conta Andrea.
 

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