Fruto de uma parceria entre o Governo do Estado, por meio da Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas e a Fundação Nacional de Artes (FUNARTE), está sendo realizada uma oficina de cenografia com um dos maiores nomes da área, José Dias, desde o último sábado (10) encerrando-se nesta terça (13), no Teatro Deodoro. A turma é composta por 20 pessoas dentre, artistas, cenógrafos, arquitetos e cenotécnicos de Alagoas que estão tendo a oportunidade de participar de uma oficina com um profissional com larga experiência em teatro, cinema e TV.
José Dias é Mestre e Doutor pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, José Dias é Professor Titular da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na UNIRIO, foi Chefe do Departamento de Cenografia da Escola de Teatro (de 1974 a 1996), onde atualmente ministra curso no Programa de Pós-Graduação em Teatro. Como cenógrafo e figurinista, já participou de mais de 380 espetáculos, a maioria deles no Rio de Janeiro e em São Paulo, tendo alguns deles excursionado pelo Brasil e exterior.
Em sua passagem pela televisão, trabalhou na extinta TV Tupi (1972-1973), mas foi na TV Globo que deixou trabalhos importantes, onde esteve de 1974 a 1989, sendo responsável pela cenografia dos casos especiais (O silêncio é de ouro, Feliz aniversário, Ciranda cirandinha, Jorge um brasileiro, A morte e a morte de Quincas berro d’água, entre outros) e do seriado O Bem Amado. Participou também da equipe de cenógrafos de novelas (Gabriela, A Escalada, O Grito, Bravo, Saramandaia) e ocupou o cargo de Cenógrafo Chefe do Setor de Montagens naquela emissora, entre 1979 e 1981. Foi ainda responsável pela cenografia de Casos Verdades (1985), Teletema (1986). Na linha de show, participou de Chico Total (1981) e Fantástico (1987-1989). Além do teatro e televisão é também Diretor de Arte e Cenógrafo de cinema, filmes institucionais e comerciais.
Conversamos com Dias sobre a situação da Cenografia no Brasil, atualmente, e da experiência em Maceió:
Há quanto tempo você realiza essas oficinas de cenografia e o que o motivou a realizá-las?
Eu faço essas oficinas há uns 40 anos por uma necessidade pessoal de passar a minha experiência para os mais jovens, pois a cenografia é apaixonante e me acho na obrigação de passar isso para as novas gerações. A cenografia tem uma função no espetáculo dentro de todo um contexto... não é pendurar qualquer coisa e chamar de cenário, tem que haver um entendimento com a direção e o roteiro da peça.
E como está o mercado de trabalho nesta área?
Está fortíssimo e em plena expansão no Brasil inteiro porque temos a televisão, teatro, cinema de longa-metragem, curta-metragem, a publicidade, além dos shows... é um mercado em crescimento que está precisando absorver todos esses profissionais que precisam de formação, pois muitos estão fazendo cenografia sem a menor noção, sem conhecer as técnicas corretas, sem usar materiais adequados.
Como você define um bom cenógrafo?
Eu defino um bom cenógrafo quando a cenografia feita por ele não chama atenção, pois ela tem que servir ao diretor, servir ao ator e ao espetáculo e não ser um espetáculo à parte.
Você disse que não está mais fazendo cenografia para TV. Porquê?
Porque a TV exige muito da gente. É muito tempo que temos que dedicar à TV e hoje me falta tempo para isso, pois tenho diversos projetos para teatro e cinema, as oficinas que venho realizando e ainda dou aula em duas universidades além deestar participando de grupos de teatro e de cinema. Acho que hoje tenho que dá espaço para os mais jovens.
O que você está achando da sua turma na oficina em Maceió?
Estou adorando essa turma. Um pessoal coeso, dedicado, interessado e com muita informação. Basta dizer que começamos a oficina no sábado (10), com 5 horas por dia e hoje (segunda, 12) já estamos partindo para a produção das maquetes, depois de terem sido divididos em grupos, lido textos e com os projetos cênicos prontos. A turma é maravilhosa. Estou amando todos eles.
E o que está achando do Teatro Deodoro?
Lindo! O Teatro Deodoro é um patrimônio da humanidade. Um teatro jardim como esse, no Brasil, você conta nos dedos de uma mão. É um teatro belíssimo!
Na tarde desta segunda (12) o Diretor-Presidente da DITEAL, Juarez Gomes de Barros, presenteou José Dias com um exemplar do livro “Theatro Deodoro – 100 anos de Arte”, lançado no ano passado em comemoração ao centenário do teatro. “Estamos felizes com essa oficina, pois conhecemos o nível do profissional que é o Dias, e já estamos planejando seu retorno, para aperfeiçoamento desta turma, principalmente no tocante à confecção das maquetes”, explicou o diretor.