Calderón e Chávez abrem reunião de inauguração da Celac

03/12/2011 08:25 - Brasil/Mundo
Por Redação

Os presidentes do México, Felipe Calderón, e Venezuela, Hugo Chávez, abriram nesta sexta-feira em Caracas, junto de mais de vinte de seus pares da América Latina e Caribe uma reunião para fundar a Celac, um organismo regional sem a presença dos Estados Unidos que pode vir a rivalizar com a Organização dos Estados Americanos (OEA).

"Estamos pondo aqui a pedra fundamental da unidade, a independência e o desenvolvimento", disse Chávez no início da cerimônia solene celebrada no teatro Teresa Carreño, de Caracas, que deu início à reunião de dois dias.

"Avancemos sem vacilar, porque vacilar é nos perdermos", disse o presidente durante um discurso no qual defendeu a batalha dos povos latino-americanos por sua independência frente às potências europeias e dos Estados Unidos.

"Estou convencido: esta é a hora e esta é a década da América Latina, por isso devemos apressar o passo para a integração", disse Calderón, cujo país acordou em fevereiro de 2010 a ideia de lançar a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), integrada por 33 países.

Os chefes de Estado e de governo da região, ou seus representantes, discutirão na reunião a forma precisa que será tomada pela Celac.

"Unidade, unidade, unidade!", pediu Chávez. "Temos que aprender a conviver com as diferenças e buscar a melhor maneira de complementá-las", disse o líder, que também é entusiasta da aliança regional de governos esquerdistas (ALBA) e co-protagonista de uma ruptura das relações diplomáticas em 2010 com o então presidente colombiano, o conservador Alvaro Uribe.

Para o presidente, no poder desde 1999, esta reunião - adiada em julho quando lhe foi diagnosticado um câncer - pressupõe seu retorno ao cenário internacional e rumores que sustentam o contrário, que superou a enfermidade.

A união dos países da região de um organismo político herdeiro da Cúpula da América Latina e Caribe (CALC) e Grupo do Rio, que começou a ser gerido no Brasil em 2008, será inevitavelmente uma alternativa à OEA, que exclui Cuba, suspensa em 1962, e que integra Estados Unidos e Canadá.

Para Chávez, "a OEA é o velho, um espaço que foi manipulado e dominado pelos Estados Unidos", enquanto que a Celac "nasce com um espírito novo, como uma arma de integração política, econômica e social".

O presidente equatoriano, Rafael Correa, foi contundente em sua chegada à capital venezuelana: "Como latino-americano, me revolta que os problemas latino-americanos sejam discutidos em Washington", sede da OEA e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

Já o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, disse que a Celac é "uma sentença de morte à doutrina Monroe" emitida em 1823 pelo governo dos Estados Unidos.

Contudo, para o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, "a Celac enriquecerá o diálogo entre os países da região e trará amplas possibilidades de cooperação".

Um dos pontos que ainda precisam ser definidos pelos membros da Celac, no entanto, é o mecanismo de tomada de decisões: os chanceleres regionais não conseguiram ainda chegar a um acordo sobre esse ponto, que deverá ser parte da "Declaração de Caracas", a ser escrita pelos presidentes.

Originalmente foi proposto que as decisões fossem tomadas por consenso, mas o Equador sugeriu que, caso não se chegue a uma unidade, uma maioria qualificada deveria decidir.

As próximas reuniões da Celac acontecerão no Chile (2012), Cuba (2013) e Costa Rica (2014).

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