Durante encontro realizado nesta quarta-feira (30), no auditório do Conselho Federal de Farmácia, em Maceió, a coordenação do Programa Estadual de Controle do Tabaco apresentou o resultado de uma pesquisa sobre a incidência do cigarro nas seis unidades do Núcleo de Atendimento de Medidas Socioeducativas (Neas).
De acordo com os dados divulgados, 30% dos internos fumam regularmente, evidenciando que o número é muito alto, já que em Alagoas o problema atinge 13% da população, segundo dados do Ministério da Saúde (MS).
A partir de agora, os dados serão trabalhados com a superintendência do Neas, a fim de diminuir ou acabar com este percentual, conforme prevê determinação do juiz da Vara da Infância e da Juventude, Fernando Tourinho. Para isso, já foi iniciado o trabalho de recolhimento e proibição do cigarro nas unidades do Neas, segundo informou a coordenadora do Programa Estadual de Controle do Tabaco, Vetrúcia Teixeira.
O próximo passo, ainda segundo ela, será realizar um trabalho de sensibilização e convencimento junto aos 144 internos para que possam deixar a dependência do tabaco. Para isso, serão realizadas terapias comportamentais, ministradas por técnicos da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e do Neas, que já foram devidamente capacitados.
"Foi muito complexo realizar esta pesquisa no Neas, mas finalmente o trabalho foi concluído e, agora, iremos nos dedicar para evitarmos o uso do tabaco dentro das seis unidades que o integram. Não será uma tarefa fácil, até porque, muitas pessoas conseguem deixar de fumar maconha e crack, por exemplo, mas têm grande dificuldade de abandonar o tabaco", evidenciou Vetrúcia Teixeira.
Segundo o superintendente do Neas, Glauber Melo, todos os técnicos do órgão estão envolvidos para livrar os 144 internos do tabagismo. "Como eles ficam com a liberdade cerceada será uma tarefa árdua, mas com o apoio da Sesau iremos atuar de forma incisiva para acabar com este mal, que desencadeia uma série de doenças graves, sendo responsável por grande parte das mortes registradas por doenças respiratórias, por exemplo", exemplificou.
Dados alarmantes
E a preocupação do superintendente do Neas tem fundamento, já que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tabagismo é considerado a segunda maior causa de morte evitável do fumante ativo e a terceira do fumante passivo. Oitenta por cento dos cerca de 1,3 bilhão de fumantes vivem em países em desenvolvimento. Na maioria dos países existe uma correlação entre tabagismo, baixa renda e baixo nível de escolaridade.
No Brasil, estima-se que cerca de 200 mil mortes por ano são decorrentes do tabagismo. A proporção de fumantes no País é de 23,9% da população. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), em 2008, o Brasil tinha 24,6 milhões de fumantes habituais com idade a partir de 15 anos ou 17,2% da população de pessoas dessa faixa etária, sendo 15,1% fumantes diários. A região Sul do País é a que apresenta maior proporção de dependentes - 45% dos fumantes.
A coordenadora do Programa de Controle do Tabagismo, Vetrúcia Teixeira Costa, afirma que o tabagismo é fator de risco para mais de 50 doenças e outros danos causados pelo uso ativo e/ou passivo dos produtos derivados do tabaco. “É necessário que a sociedade, as instituições públicas e privadas se apropriem dos conhecimentos sobre os malefícios provenientes do uso dos produtos derivados do tabaco e suas consequências”, frisou Vetrúcia Teixeira.
Ainda conforme a coordenadora, todos os tipos de cânceres têm correlação com o tabagismo. “Quem fuma reduz entre 10% e 15% o seu tempo de vida. A nicotina causa dependência química, física e psicológica. O tabagismo é extremamente nocivo aos homens e às mulheres. Entretanto, nas mulheres há ainda o risco do vício implicar na saúde do feto. Filhos de mães fumantes têm complicações de saúde, insuficiência respiratória e baixo peso”, alertou Vetrúcia.
O cigarro tem mais que nicotina e alcatrão. São cerca de 4.700 substâncias tóxicas. Do total, 40 são cancerígenas. Estudos mostram que a cada tragada, o fumante manda para dentro do organismo um coquetel de substâncias químicas nocivas.
Conheça as substâncias tóxicas contidas no tabaco
Naftalina – Veneno empregado para afastar baratas, a naftalina provoca tosse, irritação na garganta e náusea. O contato prolongado com a substância ataca os rins e os olhos.
Amônia – Usada para limpeza de banheiros, a amônia pode cegar e até matar. Ela é adicionada ao cigarro para acentuar o sabor do tabaco e aumentar a absorção da nicotina.
Methoprene – Inseticida usado como antipulgas, o methoprene provoca irritação na pele e lesões no aparelho respiratório.
Pólvora – Explosivo que provoca tosse, falta de ar e até câncer. A pólvora é adicionada ao cigarro para facilitar a queima e produzir uma fumaça suave.
Cádmio – Presente em pilhas e baterias, o cádmio é um metal altamente tóxico que causa danos aos rins e ao cérebro. Provoca também perda do olfato e edema pulmonar.
Acetona – Usada como removedor de esmaltes, a acetona está presente na fumaça do cigarro, causando irritação na pele, na garganta e dor de cabeça.
Fósforo (P4 ou P6) – Usado para matar ratos. É venenoso e letal, dependendo da porção ingerida.
Formol – Usado para conservar cadáveres, o formol provoca câncer no pulmão, problemas respiratórios e gastrointestinais.
Acetato de chumbo – Usado para tingir cabelos, é um cancerígeno que se inalado ou ingerido atrapalha o crescimento, causa dor de cabeça e pode gerar câncer no pulmão e nos rins.
Xileno – substância cancerígena presente em tintas spray. A simples inalação do xileno irrita fortemente a vista, causa tontura, dor de cabeça e perda de consciência.

Maceió