Mesmo que ainda não esteja em uma fase madura, o mercado de startups no Brasil já começa a ver nascer uma cultura de investidores-anjo – grupos que investem recursos em empresas em um estágio ainda inicial. “O mercado ainda é muito imaturo. Apesar disso, vários fundos de capital de risco estão sendo criados”, diz Yuri Gitahy, que fundou a Aceleradora, uma rede de conselheiros e investidores em startups de tecnologia.
egundo Gitahy, em 2010 os investidores estrangeiros passaram a despertar o interesse pela classe nascente de investidores-anjo no Brasil. “Os investidores-anjo são o primeiro elo na cadeia do capital de risco”, conta.
Gitahy começou como investidor-anjo em 2007, de forma independente. A Aceleradora veio em 2008 e 2009, quando ele diz ter visto a necessidade de aumentar a escala do modelo de investimento em empresas em estágios iniciais.
Cassio Spina viu uma necessidade parecida. “Eu fazia palestras e percebia que poucas pessoas sabiam o que é o investimento-anjo. Além disso, comecei a receber contatos de pessoas que queriam formar grupos de investimento em suas cidades, mas precisavam de apoio e orientação.”
Spina fundou a Anjos do Brasil, em julho de 2011. “Conclui que seria necessário disseminar a cultura e fomentar o crescimento do investimento-anjo para apoiar o empreendedorismo”, afirma.
Segundo ele, esse tipo de iniciativa pode representar um diferencial para o Brasil a médio e longo prazo. Spina conta que também quer criar núcleos regionais de investidores para dar visibilidade a empresas locais.
Já existem, em algumas regiões do país, outros grupos de investimento-anjo em startup: em Florianópolis, o Floripa Angels; no Rio de Janeiro, o Gávea Angels; e em São Paulo, o São Paulo Anjos.
O investimento
A busca pelas startups que receberá os investimentos ocorre das mais diversas maneiras, dizem os investidores procurados pelo G1. “Encontro empresas por meio de viagens constantes pelo Brasil, em chamadas da Aceleradora [nesse caso, as empresas de inscrevem para ter seu projeto financiado], por meio de indicações dos fundos de capital de risco e por contatos feitos diretamente pelos empreendedores”, conta Gitahy.
Spina conta que os membros Anjos do Brasil já começaram a investir, mesmo a entidade tendo poucos meses de vida. “Um exemplo de investimento foi a ZoeMob, que é uma empresa que criou uma plataforma usada em dispositivos móveis que tem aplicações como segurança para famílias e gestão de equipes”, conta o investidor.
“Pessoalmente, eu procuro projetos de tecnologia em estágio inicial, que combinem um bom perfil de empreendedor, um diferencial claro no modelo de negócio ou na proposta do produto e que sejam competitivas em todo o mundo”, diz Gitahy.