O prédio que um dia já foi sede do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), na Avenida Assis Chateubriand, em Maceió, tornou-se há muito tempo, uma favela na vertical. Os andares são ocupados, segundo a polícia, por criminosos e traficantes. Virou esconderijo. Hoje já tem um nome fantasia de “Favela da PGE” por ficar nas proximidades da Procuradoria Geral do Estado.
De acordo com a polícia, os abrigados no antigo BPTran se fecharam em um grupão. Quem não faz parte dele é discriminado e se arrisca ao tentar se aproximar. Ou seja, conforme a polícia, o local é uma grande boca de fumo, além de servir para que tracem algumas práticas criminosas.
À noite é complicado o acesso porque não tem iluminação e quem entra se arrisca. A história não é recente e torna-se um grande problema. O proprietário, conforme apurou o Cadaminuto, mora na Bahia e não demonstra interesse em tomar providências para despejo, fechamento total ou recuperação do imóvel impedindo o acesso de marginais.
Crimes
Na área, já ocorreram dois homicídios. Um deles, o de um guarda municipal. Policiais militares do 1º Batalhão já fizeram muitas incursões e buscas no prédio abandonado, justamente à procura de traficantes e drogas.
A ação mais recente, segundo a delegada Maria Aparecida, do 22º Distrito Policial (DP), envolveu uma moradora de rua foi vítima da ira dos ‘favelados’. Alexandra Rodrigues de Melo que fez um barraco perto da ‘favela da PGE’, foi surpreendida com apedrejamento. Conforme a delegada Maria Aparecida, do 22º Distrito Policial, “não foi bem recebida pelos moradores antigos”.
Alexandra foi até a Central de Polícia prestar queixa, mas não sabe quanto tempo resistirá à pressão dos inimigos que ganhou. Pode ser ela a próxima vitima para somar aos moradores de rua mortos em 2011.
PGE
Segundo tenente-coronel PM Clístenes, da PGE, a situação é delicada e às vezes exige até interferência da assessoria militar do órgão, embora isso fuja da missão deles.
“Muitas vezes temos de interferir em brigas entre eles, tomar drogas. Isso não é nossa função, mas como militares não podemos ficar de braços cruzados vendo ums situação de perigo. A assessoria militar tem de cuidar da PGE e do entorno. Não podemos tomar conta de um prédio privado”, ressalto o oficial.
O que ele sabe sobre o prédio é que há um processo na Justiça. O imóvel que à época teria sido alugado pelo Departamento de Trânsito para acomodar o BPTran não foi recebido pela família do proprietário porque esta alega que estaria muito danificado. Assim, enquanto não sai o resultado para ver quem assume a recuperação, não há muito o que fazer.
Por duas vezes, o prédio foi fechado. Mas, os ocupantes derrubam parte das paredes e invadem.
“O que podemos fazer é interceder em briga entre eles e tomar as drogas. Qualquer entorpecente que pegamos levamos para a Central de Polícia. Ainda não pegamos grande quantidade, apesar de sabermos que lá existe tráfico. Já entramos no prédio e posso afirmar que é perigoso porque eles têm visão privilegiada de quem entra. Não sabemos quem está lá, se usa arma e que tipo. E é perigoso também para eles, porque a estrutura está comprometida. Há uma laje empenada que pode desabar a qualquer momento e culminar em tragédia”, ressalta o coronel.