Os preços ao consumidor nos Estados Unidos caíram em outubro pela primeira vez em quatro meses, tirando pressão sobre as famílias e dando ao Federal Reserve (Fed, banco central americano) mais espaço para aliviar a política monetária se a economia vacilar. O Departamento de Trabalho do país informou esta quarta-feira que os preços caíram 0,1% durante o mês passado, em linha com as expectativas, com os americanos pagando menos por carros novos e gasolina.

Os dados reforçam a visão de que a inflação deve assumir uma tendência de baixa, após um aumento dos preços do petróleo no início do ano. O mercado entende que os números dão ao Fed mais espaço para agir se a economia desacelerar.

"O Fed continua intensamente concentrado em emprego e crescimento - e não na inflação", disse o economista do RBC Capital Markets Jacob Oubina, em Nova York. A queda nos preços também será um alívio para os trabalhadores, cujos salários não conseguiram acompanhar a inflação nos últimos meses.

Um outro relatório do Departamento de Trabalho mostrou que os salários ajustados semanalmente pela inflação aumentaram 0,3% em outubro. Economistas esperavam que o índice de preços ao consumidor ficasse estável no mês passado, depois de ter subido 0,3% em setembro.

A economia parece estar ganhando força desde o último verão (no Hemisfério Norte), mas o agravamento da crise de dívida soberana na Europa ameaça jogar a América de volta para a recessão. "Os dados são relativamente otimistas nos Estados Unidos, que contrastam com a situação na Europa", disse o estrategista do Commonwealth Foreign Exchange Omar Esiner, em Washington.

Também pairando sobre a economia americana, o Congresso dos Estados Unidos poderia deixar cortes de impostos e alguns subsídios para desempregados expirarem no final do ano, o que poderia servir de entrave ao crescimento.

Investidores e economistas de modo geral esperam que a inflação em 12 meses caia acentuadamente no próximo ano, e o Federal Reserve também disse esperar que a inflação arrefeça.

O Fed cortou as taxas de juro para perto de zero há quase três anos e comprou US$ 2,3 trilhões em títulos para continuar estimulando o crescimento. Recentemente, o Fed informou ser provável que mantenha as taxas de perto de níveis mínimos pelo menos até meados de 2013.

Os preços dos alimentos subiram 0,1% em outubro, enquanto os da gasolina caíram 3,1%.

Tirando alimentos e energia, os preços subiram 0,1% em outubro, mesmo ritmo registrado em setembro. O número se segue a aumentos de 0,2% em julho e agosto, e de 0,3% em maio e junho.

O núcleo do índice subiu porque os preços mais elevados em serviços não ligados a energia compensaram o declínio de 0,3% nos preços de veículos novos. Os gastos com moradia subiram 0,2%, enquanto vestuário cresceu 0,4%.

Nos 12 meses até outubro, os preços ao consumidor subiram 3,5%, depois de avançarem 3,9% no ano até setembro. O núcleo dos preços subiu 2,1% nos 12 meses até outubro, acima dos 2% em setembro.