Editor de jornal venezuelano detido começa greve de fome

10/11/2011 06:58 - Brasil/Mundo
Por Redação

O editor do jornal venezuelano "Sexto Poder", Leocenis García, detido em setembro após a divulgação de uma polêmica montagem que satirizava o presidente Hugo Chávez, iniciou nesta quarta-feira uma greve de fome "por tempo indeterminado" para reivindicar a anulação das acusações que sofre, disse sua irmã à Agência Efe.

"Me preocupa muito, porque ele, quando toma uma decisão, não costuma mudar", declarou María Lucía, irmã de Leocenis, que revelou que seu irmão não tomou café da manhã e nem almoçou nesta quarta-feira.

Em comunicado, García informou previamente que começaria uma greve de fome, negando-se a "aceitar tratamento médico", quando completou pouco mais de dois meses detido na sede do serviço de inteligência de Caracas à espera de uma audiência no dia 11, que decidiria a realização de um julgamento.

O editor do jornal, considerado de linha crítica com o presidente Hugo Chávez, ressaltou que permanecerá em greve de fome até que as acusações sejam anuladas ou que a presidente do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), Luisa Estella Morales, ou a procuradora-geral do país, Luisa Ortega Díaz, renunciem a seus cargos.

García acusa a presidente do TSJ e a procuradora-geral de "promover livremente alegações" contra ele.

A fotomontagem divulgada pelo "Sexto Poder" no dia 20 de agosto, motivo da prisão do editor, mostrava os rostos das magistradas em corpos de dançarinas de cabaré, sob as ordens de "mister Chávez".

O jornalista afirmou que, uma vez cumpridas uma de suas duas condições, assumirá o julgamento político contra ele, indica o comunicado.

"A Chávez digo o mesmo que os gladiadores romanos diziam ao imperador quando iam para combate: ''Salve, ó, grande César, os que morrem na areia te cumprimentam''. Sei de seu ódio, em consequência o que me espera, mas em Deus, Nossa Senhora e San Miguel Arcanjo, confiamos", exclamou.

A irmã do editor enviou nesta quarta-feira uma carta ao TSJ na qual pede a Morales que libere o jornalista e chama as instituições venezuelanas de "violadoras da liberdade de expressão".

A presidente do TSJ disse em entrevista coletiva que o caso de García "não é um assunto pessoal" dela ou da Procuradoria-geral, e que o editor é "um réu igual aos milhares que se encontram neste momento diante dos tribunais venezuelanos".

"Trata-se de um processo judicial que eles ("Sexto Poder") devem realmente cumprir e dar a resposta de acordo com o que se estabelece nas leis e nos procedimentos", afirmou.

García se encontra preso desde 1º de setembro, quando se entregou à Justiça, acusado de instigar o ódio, desacato à autoridade e ofensa pública às mulheres.

O jornalista permaneceu foragido desde 21 de agosto, um dia depois de o "Sexto Poder" publicar a montagem.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..