Mesmo o consumo moderado de álcool favorece câncer de mama

08/11/2011 10:20 - Saúde
Por Redação

Um estudo publicado no The Journal of the American Medical Association revelou que beber rotineiramente, ainda que em quantidade moderada, pode aumentar o risco de câncer de mama. A análise foi liderada por pesquisadores da Brigham and Women?s Hospital and Harvard Medical School, nos Estados Unidos.

A pesquisa contou com a colaboração de 106 mil enfermeiras entre 34 e 59 anos, que faziam parte de um dos maiores e mais longos estudos sobre mulheres já realizado nos Estados Unidos. Todas foram entrevistadas oito vezes a respeito dos seus hábitos de ingestão de bebida alcoólica entre os anos de 1980 e 2008.

Os resultados mostraram que beber pouco, mas com certa frequência - cerca de três bebidas alcoólicas por semana -, aumenta em 15% a chance de desenvolver câncer de mama. Já aqueles que bebem pelo menos dois copos de vinho ou cerveja por dia têm uma probabilidade 50% maior de ter a doença.

Estudos anteriores já haviam relacionado o consumo de álcool a um risco aumentado de desenvolver câncer de mama. A novidade do novo estudo é a descoberta de que mesmo a ingestão moderada de bebidas alcoólicas favorece a doença, pois os efeitos da substância são cumulativos.

Consumir álcool aumenta os riscos de câncer de mama
O consumo de álcool tem sido associado ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer como na cavidade oral, faringe, laringe e esôfago. Tais riscos geralmente tendem a aumentar conforme a quantidade de álcool ingerida. Porém não foi estabelecido um limite seguro para o consumo de álcool. Por outro lado, apenas o consumo pesado de álcool parece estar relacionado a um aumento no risco de câncer de fígado por um mecanismo associado à cirrose hepática.

Nos últimos 20 anos, pesquisas também têm abordado a relação entre o consumo de álcool e o risco de desenvolver câncer de mama. Na França, no ano de 2000, 9,4% dos casos de câncer de mama foram atribuídos ao consumo de álcool. Já no ano de 2002, na Europa, a porcentagem dos casos de câncer de mama atribuíveis ao consumo de álcool foi estimada em 7,7% (28.300 casos).

Devido à relevância desses dados, um artigo recente descreveu os principais aspectos dessa relação, revisando a literatura científica. Para comparar os diferentes estudos publicados nesta área, os autores deste artigo consideraram uma dose (um copo de cerveja, um copo padrão de vinho, ou uma dose de bebida destilada) como sendo equivalente a 10 gramas de álcool.

Em paralelo, a análise conjunta de alguns estudos (total de 4.035 casos de câncer de mama, com amostra inicial de 322.647 mulheres) sugeriu que o risco de desenvolver câncer de mama estaria proporcionalmente associado à quantidade de álcool consumida.

Demonstrou-se uma tendência entre o aumento no risco de desenvolver câncer de mama e maior consumo de álcool, sendo observados aumentos de 32% para o consumo de 35 a 44 gramas de álcool por dia, e de 46% para o consumo maior ou igual a 45 gramas de álcool por dia, em comparação aos abstêmios. No entanto, não foram observadas diferenças no risco de acordo com os tipos de bebida alcoólica consumida (vinho, cerveja ou destilados).

Em resposta a tantos estudos nessa área, em 2003, o Código Europeu Contra o Câncer passou a recomendar que o consumo diário de álcool se limitasse a duas doses para homens, e uma dose para mulheres (20 e 10 gramas de álcool por dia, respectivamente).

Já em 2007, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer concluiu que havia provas suficientes de que o consumo de 18 gramas de álcool diariamente aumenta significativamente o risco de desenvolver câncer de mama, e que o consumo maior ou igual a 50 gramas de álcool por dia aumenta tal risco em cerca de 50%.

Em geral, há evidências consistentes de que mesmo o consumo moderado de álcool aumenta o risco de câncer de mama. A maior parte dos estudos confirma cada vez mais que, quanto maior o consumo de álcool, maior é o risco de desenvolver esse tipo de câncer. No entanto, não foram observadas diferenças neste risco com relação aos tipos de bebida alcoólica.

O mecanismo de ação pelo qual o consumo de álcool aumenta o risco de câncer de mama ainda permanece desconhecido, mas atualmente há evidências de que o álcool influencia as vias de sinalização do estrógeno, hormônio fortemente associado ao câncer de mama.

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