O promotor de Justiça Luiz Tenório defende a intervenção estadual no município de Traipu devido ao elevado número de irregularidades registradas com o uso de recursos federais e estaduais, que envolvem todos os Poderes e gestores daquela entidade estatal.

O prefeito Marcos Santos e a primeira-dama, Juliana Kummer, tiveram o mandado de prisão preventiva decretado pela Justiça Federal e estão foragidos. A vice-prefeita Juliane Tenório assumiu a Prefeitura, mas também aparece envolvida em uma série de irregularidades. Em maio deste ano, ela foi presa durante a Operação Mascotch – que investigava desvios em verbas para merenda escolar. A Câmara Municipal também deverá ser alvo de severa investigação.

Luiz Tenório comandou uma operação do Ministério Público Estadual em parceria com a Força Nacional para apreensão de documentos que comprovariam fraudes em licitações feitas pela Prefeitura de Traipu. A ação cumpriu mandados de busca e apreensão na prefeitura, nas residências de três funcionários municipais e em endereços de empresas fantasmas em Maceió. Este foi um desdobramento da Operação Tabanga, deflagrada no mês passado, e que prendeu assessores do prefeito.“Foram desviados pelo menos R$ 10 milhões do município de Traipu”, afirmou.

“A apreensão de documentos feita na operação anterior demonstrou indícios de que os desvios na Prefeitura são mais sérios do que a gente imaginava. A coisa é tão grande que, só para citar um exemplo, entre todas as licitações feitas pelo município, apenas quatro empresas fantasmas são responsáveis por 17 contratos fraudulentos, cujo valor somado chega a R$ 4,6 mi”, explicou o promotor, que passou a integrar o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), antigo Gecoc. “É um verdadeiro genocídio. Recursos públicos desviados e pessoas carentes morrendo ou sofrendo das mais variadas formas”, avaliou.

Nesta nova operação, o promotor constatou que no município existia um programa social que concedia pagamentos esporádicos e irregulares de transferência de renda. O “Vale Gás” não tinha uma metodologia de funcionamento e pagava aos aliados do prefeito valores que variavam de R$ 30 a R$ 3 mil. Além das fraudes em licitações da prefeitura, os documentos apreendidos na operação comprovariam também irregularidades na folha de pagamento da prefeitura, que era produzida na casa de uma pessoa que sequer era funcionário municipal. “São muitos crimes, de responsabilidade, peculato, lavagem de dinheiro, fraude em licitação e formação de quadrilha”, disse.