Ao menos 30% da população da Argentina não viveria em um bairro com alta concentração de judeus e 45% não se casaria com pessoas dessa origem, revelou uma pesquisa divulgada nesta terça-feira. O estudo realizado pela Universidade de Buenos Aires a pedido da Delegação de Associações Israelitas Argentinas (Daia) e da Anti-Defamation League dos Estados Unidos aponta que 54% dos argentinos veem os judeus "como os primeiros a dar as costas às pessoas necessitadas".

Dos entrevistados, 39% deles consideram negativo que os integrantes deste grupo tenham cargos de decisão política, apesar de 84% acreditarem que são trabalhadores. Um percentual alto da população do país (82%), onde reside a maior colônia judia da América Latina, diz que o que mais interessa a essa comunidade é fazer negócios e ganhar dinheiro, enquanto 65% estima que tem poder demais nos mercados financeiros internacionais.

A metade da população (49%) acredita que os judeus residentes na Argentina são mais leais a Israel do que ao país em que vivem. O mesmo percentual de argentinos considera que falam demais sobre o que aconteceu no Holocausto.

"O fato de participarem de uma cultura e tradição própria os coloca, na opinião dos entrevistados, como um grupo xenófobo", aponta o relatório a partir de 1,5 mil pesquisas a homens e mulheres de 18 a 65 anos residentes em Buenos Aires e outras sete cidades do país. Ao menos 51% dos argentinos consideram que os judeus são discriminados no país.

"Alguns resultados são realmente alarmantes", garantiu nesta terça-feira em declarações radiais o titular da Daia, Aldo Donzis, quem admitiu não estar surpreso com a "fobia contra judeus", que revela o relatório. "A percepção do antissemitismo é percebida e denunciada há muito tempo", afirmou Donzis.

O vice-presidente da entidade, Ángel Schindel, falou recentemente que a Argentina é "provavelmente o país onde o antissemitismo é maior dos países da América Latina". Argentina é, com cerca de 300 mil pessoas, o país que abriga a maior colônia judia da região.