O Brasil mostrou condições de bater novamente a Argentina fora de casa, mas sucumbiu frente a mais uma atuação incrível de Luís Scola, cestinha com 32 pontos, e perdeu a final do Pré-Olímpico das Américas por 80 a 75, neste domingo, em Mar del Plata.

Com vaga olímpica já assegurada, as seleções entraram em quadra em clima de revanche após a histórica vitória brasileira no último dia 7 de setembro, pela segunda fase do torneio.

Os argentinos chegaram a abrir 13 pontos de frente e iniciaram o jogo passando a ideia de que seria um massacre. Mas o Brasil reagiu e promoveu uma grande partida até o fim.

O ginásio Malvinas Argentinas, em Mar del Plata, era um caldeirão tomado por torcedores que não pararam de cantar por um instante sequer. Embalada, a seleção argentina fez um primeiro tempo arrasador.

Nos quartos finais, no entanto, os brasileiros reagiram e mostraram que a vitória no último confronto entre as equipes não foi mero acaso. O time argentino, que tem média de idade de 32 anos, mostrou desgaste físico e um dos maiores jogadores do time, Manu Ginóbili, deixou a quadra por um longo período, com um corte na mão.

Esses detalhes foram importantes, mas o Brasil equilibrou o jogo na casa do rival pelos próprios méritos, jogando basquete de alto nível, apesar da baixa pontuação dos times e de muitos passes errados por nervosismo.

Mesmo vaiados pela torcida local, os brasileiros entraram em quadra descontraídos. Do time titular, apenas Giovannoni e Marquinhos não rasparam o cabelo com um corte moicano na noite anterior para comemorar a conquista da vaga olímpica.

O alto astral da Seleção teve consequências boas e ruins no primeiro quarto. O time era vibrante em quadra, mas faltava concentração em algumas jogadas, como em lances livres desperdiçados por Tiago Splitter. Pelo lado argentino, Scola tinha aproveitamento quase impecável em arremessos e comandou o massacre de 21 a 9 nos primeiros 10 minutos.

A torcida não parava de cantar por um instante e comemorava cada cesta. Os argentinos tinham engasgada a derrota para o Brasil na última quarta e, logo no início do segundo quarto, Oberto e Alex se desentenderam.

Conforme reservas entravam em quadra, a equipe da casa se descaracterizou e o Brasil cresceu no jogo. Rafael Hettsheimer mais uma vez entrou muito bem e foi responsável direto pela melhora brasileira, que chegou a diminuir a diferença para três pontos.

Ainda antes do final do primeiro tempo, no entanto, Scola voltou à quadra e desquilibrou. Em três ataques, os argentinos voltaram a disparar na frente. Na metade do jogo, o Brasil perdia por 35 a 27.

No intervalo, a Confederação Argentina de Basquete promoveu uma homenagem oficial aos treinadores da geração dourada, do espírito dourado, mas Rubén Magnano, campeão olímpico em 2004 com o time, não foi receber.

Extremamente talentoso, o time argentino tem na elevada média de idade um dos pontos fracos. No terceiro quarto, os brasileiros exploraram a queda de rendimento dos astros do rival e, com um bom trabalho defensivo, chegaram a virar o jogo: 44 a 43. A disputa seguiu equilibrada até o final e o jogo estava em aberto ao fim da parcial, com placar de 50 a 48 para a Argentina.

Ainda antes do último quarto, Ginóbili cortou a mão em um acidente com uma placa de publicidade e teve que deixar a partida por um longo período. Tal qual aconteceu na vitória brasileira na última quarta, um dos maiores astros do rival se contundiu (naquela oportunidade, Nocioni torceu o tornozelo logo no primeiro lance).

O Brasil começou o último quarto de forma arrasadora, marcando oito pontos antes que os argentinos convertessem a primeira cesta. A 8 minutos do fim, o placar era de 56 a 50 para o time de Magnano. Em um minuto sem pontuar, porém, os brasileiros viram a Argentina virar para 57 a 56.

A disputa era ponto a ponto, se destacando a força física e a raça dos brasileiros e a técnica refinada argentina, sobretudo em arremessos de três. Scola fazia a diferença e, a 2min50s do fim, a Argentina vencia por 64 a 60.

Quando os argentinos tinham cinco pontos de vantagem, Splitter desperdiçou dois lances livres e dificultou a tarefa brasileira. A 1min22s para o fim, Pablo Prigioni foi eliminado por faltas e deixou a quadra.

Mas, enquanto os brasileiros desperdiçavam lances livres e erravam passes no ataque, os argentinos, que contaram com Ginóbili de volta, cresceram no momento decisivo, abrindo novamente boa vantagem.

Os argentinos já pareciam campeões, porém, em mais uma das reviravoltas do jogo, o Brasil, apostando em erros do adversário, conseguiu encostar nos momentos finais. Até Ginóbili, um dos melhores jogadores do mundo no fundamento de lance livre, desperdiçou arremessos.

O final, todavia, não foi tão feliz para os brasileiros como na última quarta. A Argentina venceu e festejou com a torcida. O Brasil, com a sensação de dever cumprido, mostrou que evoluiu muito sob o comando de Rubén Magnano e deixou a quadra de cabeça erguida.