Ignore o primeiro tempo. A seleção brasileira tem feito valer o peso da camisa amarela somente na etapa final.

Foi assim nas três primeiras partidas da primeira fase da Copa. O time de Marta fechou a participação com três vitórias e sete gols marcados --e nenhum tento sofrido.

Mas, levando em conta o que o Brasil mostrou no primeiro tempo contra Austrália, Noruega e Guiné Equatorial, o cenário é assombroso.

Domingo, contra os EUA, em Dresden, o time brasileiro terá a quarta oportunidade de mostrar, neste Mundial, um bom futebol já nos primeiros 45 minutos.

Afinal, dos sete gols marcados, seis saíram no segundo tempo. Apenas contra a Noruega houve um tento anotado na primeira etapa --e olhe que Marta fez falta, não marcada, no lance.

O técnico Kleiton Lima sabe que as etapas iniciais têm sido fracas. Por isso, valoriza o intervalo e os efeitos de uma conversa com o time.

"No primeiro tempo, os jogos são muito estudados. Vem surpresa do adversário, e sempre há coisas para se consertar. O intervalo tem sido importante", disse o técnico após a vitória sobre a Guiné Equatorial, em que o primeiro tempo foi pífio.

"Elas [jogadoras] têm sido muito, muito atentas no intervalo e voltam fazendo correções, novas estratégias."

Fazer primeiros tempos fracos não é um mal que acomete somente o Brasil.

Na primeira fase, foram 60 gols marcados. Desses, apenas 22, ou 36,6%, saíram durante a etapa inicial.

O Brasil tem contado com uma precisão cirúrgica para vencer. Contra Noruega e Guiné Equatorial, a seleção liquidou a partida em poucos minutos. Fez um gol atrás do outro e segurou o placar.

Se não tem sido brilhante, nenhuma seleção tem sido tão letal como a brasileira.

Dos oito times que foram aos mata-matas, o Brasil tem o melhor ataque. E também é o segundo que menos chuta a gol. Nos três jogos, foram 33 finalizações e sete gols --a Suécia deu um chute a menos, mas fez só quatro tentos.

Segundo Kleiton Lima, o trabalho agora é para que o Brasil entre ligado desde o primeiro minuto, principalmente contra um adversário como os EUA, tradicional algoz da seleção brasileira.

"Em mata-mata, tem que ter concentração durante os 90 minutos. Temos que melhorar o primeiro tempo, principalmente na hora de fazer um jogo mais técnico, e não se precipitar em certas situações", declarou o técnico.

Se passar pela seleção americana, o Brasil enfrentará Inglaterra ou França nas semifinais. A anfitriã Alemanha é a favorita para o duelo em uma eventual final.