O varejo de material de construção não apresentou crescimento no mês de junho, segundo a Anamaco. As vendas se mantiveram estáveis na comparação com maio e, também, na relação junho de 2011 sobre junho de 2010. “A Pesquisa Anamaco, desenvolvida pelo Ibope Inteligência, mostrava uma expectativa muito positiva de que junho seria um mês muito forte em vendas. No entanto o setor não teve o desempenho esperado”, explica Cláudio Elias Conz, presidente da entidade. O feriado prolongado, a menor quantidade de fins de semanas e de dias úteis em junho foram alguns fatores apontados como possíveis causas para o desempenho do mês.
No primeiro semestre de 2011, o setor apresentou um incremento no volume de vendas de 3,5% sobre o mesmo período do ano passado. Nos últimos 12 meses, o volume de vendas cresceu 5,5% na comparação com o mesmo período de 2010. “Apesar dos resultados positivos, a expectativa era de que o primeiro semestre seria bem melhor. Por causa disso, estamos revendo a nossa previsão de crescimento para 2011, antes de 8,5%, para 6% sobre o ano passado”, declara Conz.
No desempenho por região, as vendas na região Norte cresceram 2,2%, enquanto que no Sudeste e Nordeste elas permaneceram estáveis, mas tiveram queda de 1% no Sul e no Centro-Oeste.
Cimento e argamassas lideraram crescimento em junho
Os segmentos de cimento e argamassas foram os que mais cresceram no mês de junho, com índices de 5,3% e 4,5% respectivamente. Metais sanitários, aço, revestimentos cerâmicos e fios e cabos se mantiveram estáveis.
“No geral, a expectativa do setor continua sendo muito boa para o segundo semestre”, diz o presidente da Anamaco. “Cerca de 46% dos entrevistados acreditam que teremos uma recuperação nas vendas já no mês de julho, que também possui mais dias úteis do que junho. As vendas costumam crescer no segundo semestre, chegando a representar 60% das vendas totais do ano”, explica. Conz, no entanto, ressalta que o varejo do setor vem de um recorde histórico de crescimento desde 2004. “Além disso, tivemos estabilidade também dos preços dos materiais de construção no período entre maio e junho. Esperamos também um incremento das vendas em razão dos programas habitacionais em andamento e das obras para os próximos eventos esportivos do país. Tudo isso nos mantêm otimistas com relação aos indíces do segundo semestre”, complementa.
Influência da mudança do perfil da classe média no setor
Composto por 138 mil lojas, o varejo de material de construção é responsável por 77% do consumo dos produtos do setor, que ainda tem a falta de mão-de-obra qualificada como um dos seus maiores problemas. “A falta de profissionais qualificados está ampliando os prazos das reformas com reflexo nos produtos. As lojas têm tido um trabalho constante no aprimoramento e treinamento dos seus profissionais para oferecer um melhor atendimento ao cliente, no entanto falta mão-de-obra qualificada para os serviços de instalação”, explica Conz. “A evolução da indústria brasileira nos produtos tem sido fantástica nos últimos 10 anos, principalmente devido ao desafio de acompanhar a mudança de perfil do consumidor brasileiro.A classe C hoje é formada por mais de 50 milhões de brasileiros, muito mais informados e exigentes do que outrora. Eles têm um perfil que já não é o mesmo de 10 anos atrás, querem produtos de qualidade, mas não estão dispostos a pagar o mesmo preço que as classes A e B por eles”, completa.
Segundo Conz, esse consumidor já não se contenta com a casa sem reboque, ele quer piso cerâmico nos cômodos, quer aproveitamento de energia e de recursos naturais. E até mesmo os programas habitacionais em execução estão tendo que se adaptar a esta nova realidade. “Isso é muito positivo para o nosso constante desenvolvimento, ao mesmo tempo que nos leva a continuar buscando soluções para tornar o sonho da casa própria possível. O déficit habitacional ainda está longe de ser erradicado e, justamente por isso, é muito importante a continuação de incentivos como a redução do IPI sobre a cesta básica dos materiais de construção e o constante aprimoramento das linhas de financiamento, para que as pessoas possam ter acesso à habitação de qualidade”, finaliza o presidente da Anamaco.