Embora seja questionada por muita gente, a manobra automobilística conhecida como “cavalo de pau” é praticada em várias partes do mundo e até considerada pelos adeptos como um esporte, assim como a Stock car e a fórmula 1. A manobra é famosa, mas ainda é vista como uma brincadeira irresponsável ao volante, inclusive quando é feita em locais inapropriados.

A manobra é feita quando o motorista acelera o carro, gira o volante bruscamente para um dos lados, ao mesmo tempo em que aciona o freio-de-mão. O objetivo é que o carro gire sobre o próprio eixo e chegue a completar uma rotação que se aproxima dos 180 graus.

Durante o “cavalo de pau” a parte de trás do veículo derrapa e o atrito entre os pneus e o solo emite um forte ruído. A prática teve origem na aviação, onde é utilizada quando o piloto se vê na iminência de um choque frontal com algum obstáculo ou quando a pista "encurtou".

Em Alagoas o impasse sobre a prática do “cavalo de pau” começou após o acidente que vitimou Robson de Souza Silva, de 32 anos, na tarde do dia 29 de maio. Ele participava de um treino para a competição que será realizada no 49ª Festival da Juventude, em Santana do Ipanema. O acusado de pilotar o veículo, uma Hillux, é Rondinele de Melo Monteiro, filho da ex-prefeita de Monteirópolis.

O Ministério Público Estadual chegou a pedir o fim da competição, que atrai milhares de participantes, inclusive de outros estados. Uma comissão formada pelos promotores Elísio Maia, Tânia Giacomosi e Luiz Tenório foi designada para avaliar a situação. O MPE já iniciou as investigações para apurar a responsabilidade pelo acidente.

No entanto, segundo Harrison Barros, que já participou de competições onde a manobra é realizada, o cavalo de pau tem que ser liberado, mas em locais apropriados, como em campos de aviação e ainda, seguindo normas de segurança. Ele lembrou que capotamentos podem acontecer e por isso, é necessária preparação para participar de competições desse tipo.

“Hoje não participo mais porque não tenho um carro específico. O veículo precisa ter itens de segurança como uma grade de proteção. O piloto tem que usar cinto de segurança de 5 pontas, assim como na fórmula 1 e capacete. Isso diminui o impacto para o piloto, em caso de acidente e os danos ao veículo”, explicou ele lembrando que no local onde é realizada a competição em Santana deveria haver uma mureta de proteção.

“Os organizadores deveriam colocar essa mureta com no mínimo um metro e meio e ainda, uma grade galvanizada, assim como nos autódromos, para evitar que alguma coisa que pudesse voar atingisse quem está no local assistindo. Na fórmula 1 a mureta tem 2 metros, mas a velocidade é o triplo. O “cavalo de pau” também é um esporte, tenho muitos amigos que competem fora do estado e são campeões”, contou.

Para ele, a competição em Santana do Ipanema é uma tradição que deve ser mantida. “O festival da Juventude atrai cerca de 80 mil pessoas e acho que 90% delas estão lá para ver as manobras. Também tem a disputa entre carros rebaixados e o melhor som. Isso atrai vários turistas para a cidade, conheço gente que vem de Aracaju, Recife e Sergipe, por exemplo”, destacou.

Barros afirmou que o acidente fatal no município pode ter acontecido por irresponsabilidade dos praticantes, ressaltando a necessidade de que os adeptos da prática criem uma comissão para transformar o cavalo de pau em algo mais seguro e legalizado. Ainda segundo ele, os praticantes não podem estar sob efeito de álcool e deveriam ser submetidos ao teste do bafômetro.

“A manobra exige técnica, porque aparentemente o carro está desgovernado . No caso desse acidente soube que a vítima estava ensinando o motorista a fazer a manobra e que eles estavam bêbados, além do carro não ter estabilidade suficiente. O álcool altera os reflexos, teve um ano em que tentaram fazer o teste do bafômetro em Santana, mas não deu certo”, disse.

Harrison Barros lembrou a necessidade de um cuidado maior com a pista onde a competição ocorre. “Tem um trecho onde acumula água, mas a pista deve estar seca para evitar acidentes. Qualquer buraco ou pedra que aparecer pode contribuir para um capotamento”, reiterou.