Neste domingo, o técnico Mano Menezes organizou seu primeiro coletivo desde que chegou à Argentina, na noite de terça-feira. O treinador disse que a necessidade no momento é arrumar o posicionamento da equipe em campo.
"O mais importante disso é o posicionamento da equipe dentro do campo. Mesmo com um jogador diferente, vai estar posicionado naquele lugar e os outros vão saber que ali há um companheiro. Isso dá entrosamento e a mecânica natural de jogo", disse o treinador durante entrevista coletiva.
O Brasil estreia na Copa América no dia 3 de julho, contra a Venezuela. Mano confirmou que vai utilizar um esquema ofensivo durante a competição.
"[Foi] o primeiro treinamento mais completo em termos táticos, com a formação que está mais próxima do que vamos utilizar na estreia. E logicamente que de agora para frente a gente vai evoluir com a ideia, afirmá-la, fazer correções, ajustes necessárias na movimentação dos homens de lado [Robinho e Neymar]. E quando a equipe fique sem a bola, não sejamos vulneráveis, porque logicamente é uma opção ofensiva", afirmou.
Confira abaixo a entrevista coletiva de Mano Menezes concedida neste domingo.
GANSO
Não vamos individualizar tanto, mas é lógico que nem todos os jogadores que desempenharam a função até aqui tem a fundamentação tão completa quanto o Ganso. A gente sempre acreditou que ele possa vir a ser esse jogador, vem sendo no Santos, e espero que com continuidade consiga fazer na seleção brasileira. Sem ele são situações diferentes. Quando estiver Elano, não vai ser um jogador exatamente igual, apesar de às vezes usar a camisa com o mesmo número como nos amistosos. Esse entendimento precisa ficar claro, não pode comparar jogadores com características diferentes. Individualizar seria injusto com o Elano, ótimo jogador, com característica diferente.
1º JOGO DA ERA MANO, CONTRA OS EUA
É uma ideia bastante clara de uma equipe que consegue equilibrar essa questão da posse de bola, que eu quero que tenha, sem perder a contundência de ser ofensivo. Às vezes fica muito tempo com a bola, mas não tem profundidade, não consegue criar chances de gol que te aproximam da vitória. Com essa formação conseguimos as duas coisas. É preciso algum ajuste, às vezes vai ser necessária alguma mudança de lado entre Robinho e Neymar, nem sempre vai funcionar, mas a formação de meio campo pode ser sempre dois volantes e assim que a seleção vai se construir.
NEYMAR
Tirar o melhor que ele tem, baseado nas características, ou colocando em campo para eles nos proporcionar o melhor que tem. É provável que eu dependa menos do Neymar, porque tem outros jogadores de alto nível para compartilhar. É mais difícil você sempre ter que ser o mais importante, o mais decisivo. Tendo essa tarefa compartilhada você está mais livre, porque os marcadores precisam cuidar dos outros jogadores. Não tenho preocupação de ele ser o do Santos, depende do equilíbrio, maturidade, ele está mais maduro depois dessa Libertadores, apanhou bastante, soube sair das faltas, mesmo assim foi decisivo nos momentos mais importantes. É isso que vai dar a maturidade. É isso que o prepara para estar na seleção.
LUCAS
A preocupação é muito parecida com todos, alguns estão em estágios diferentes. Como a preparação dos treinos físicos, alguns com duas semanas de férias, outros chegando de uma decisão e outros no meio termo. Na parte tática, técnica, comportamento, também estão em estágios diferentes, de maturidade. Lucas é um menino, chagando agora, vem se destacando no seu clube, e às vezes na seleção os passos seguintes não são da mesma maneira. Não pode deixar ele pensar que não faz parte dos planos. Cada um tem uma parcela, uma participação, já tive duas oportunidades de colocá-lo nos amistosos. Contra a Escócia entrou muito bem, no outro um pouco diferente, contra a Holanda. Contra a Romênia o jogo estava mais caído e dificultou a entrada dele. Você vai dando a ideia clara para o jogador, para ele saber onde está, para ele saber se comportar e entender aquilo.
FORMAÇÃO
O desempenho da seleção é que vai me dizer isso dentro do campo. Já jogamos assim contra a Holanda, adversário de ponta. Não conseguimos vencer, mas a equipe se comportou bem em parte do jogo. Vai dando a ideia de que pode fazer contra todos os adversários.
TESTES OFICIAIS
Não foi possível jogar uma Copa América antes, porque não tinha. A primeira é agora. Vamos considerar uma etapa do trabalho, não estamos colocando como teste, porque a palavra não é adequada, mas é uma referência para sairmos com valores mais significativos de avaliação. Chegamos bem, com uma ideia de fazer uma boa Copa América. E você só se afirma dentro da competição, jogando, vendo os ajustes e vendo as ideias sendo confirmadas ou ajustadas. É uma competição forte, vai exigir muito da seleção brasileira, eu disse isso para os jogadores no primeiro dia de treino, mas viemos aqui pensando em ganhar. Deve ser o pensamento da seleção brasileira. Oito jogos foram os que tivemos como data para termos a disposição de encaminhar ideia inicial de trabalho. Algumas fizeram amistosos nesse período, nós quisemos dar folga porque o risco era maior. E a competição pode mostrar isso lá na frente. Vai exigir um desgaste de todos, quem recuperou um pouco mais, pode ter ganho final mais significativo.
COLETIVO
Para mim, todo trabalho que envolve um grupo é um trabalho coletivo. A gente chamava o tático de coletivo, mudou muito a duração dele, que era maior, 1h, 1h30, quando o reserva ganhava a gente esticava até ganhar. Quando a gente estava no time de baixo, deixava o de cima fazer o gol que era para acabar o trabalho. Eu fiz 10 minutos de trabalho com orientação, com pequenas paradas, primeira parte de um lado fazendo a saída de bola com marcação pressão contra, para criar dificuldade extrema, saber se comportar, não assustar na hora do jogo, e achar alternativas. Os outros 10 minutos com marcação pressão na saída do adversário, para criar dificuldade. E outros 40 minutos livres, mais com característica de jogo, que é necessário para a gente ver com mais naturalidade. Gostei dos últimos 40 minutos, a equipe se comportou bem, criou alternativas, criou jogadas de gol, precisa ser mais incisivo, as vezes quer construir muito minuciosamente, quer entrar na área adversária com toque de bola, e nem sempre é possível.
CAMPO DE TREINO
Com a chuva antes da nossa chegada, ia acontecer dificuldades. Temos dois campos, um para aquecimento, em condição pior. O outro está bom. Pretendemos treinar aqui até o dia 24. O treino pós-jogo será fora daqui, em 10 minutos, 15, porque vamos dividir o grupo. Os que jogaram fazem recuperação e o grupo menor vai treinar em outro campo. Assim vai ser feito o trabalho. E oferece condição de fazer o de hoje.
PATO
Pela primeira vez ele tem uma sequência maior na seleção principal. Precisa ter um pouco de paciência, mas em outras posições nós já vimos acontecer isso. Quando a gente perdeu Cafu e Roberto Carlos, tínhamos que encontrar laterais. Quando Maicon entrou, tinha o sentimento igual ao Pato. Será que vai? E Maicon confirmou a condição. Temos outros exemplos. Quando os jogadores são marcantes e ficam muito tempo, enxerga uma distância entre eles e os sucessores. A grande injustiça disso é que a gente compara um ídolo, uma referência, um craque, com um jogador que está iniciando essa trajetória. Um pouquinho de calma, o momento é propício para que jogador como o Pato ocupe esse lugar.
VENEZUELA
A Venezuela é um adversário que vem evoluindo porque vem fazendo um trabalho organizado há tempo, não tem tradição tão grande, mas hoje investe mais, faz bons jogos, a gente espera aquela dificuldade de sempre: marcação forte, recomposição, muita gente atrás da linha da bola. Tivemos enfrentamentos recentes, até perdemos um jogo para a Venezuela, estamos observando os jogadores que fazem parte da equipe deles, analisamos os amistosos. E vamos enfrentá-los para buscar a vitória.
PARAGUAI
O Paraguai é um adversário de tradição maior, cria dificuldades para as seleções de ponta, fez eliminatória e Copa muito boa.
EQUADOR
O Equador oscila mais, às vezes faz bons jogos, às vezes não. Time muito forte fisicamente, jogadores experientes, é um fechamento de fase de grupo, vai depender muito da condição, se chegamos com mais ou menos pressão.
ANSIEDADE E PRESSÃO
Mudou por estar à frente da seleção, é algo maior do que tudo. Proporcionalmente as coisas mudaram, tenho que saber conviver com ela. A ansiedade, eu acho ela necessária. Não pode ir para uma competição com o mesmo sentimento que um amistoso. É isso que nos deixa atentos, concentrados, focados. Ainda temos uma semana pela frente. Talvez a ansiedade aumente quando você vê o adversário jogar e você ainda não. Esses dias geralmente são mais ansiosos. Nada que vá atrapalhar, interferir no que temos que fazer. Precisa ter uma linha, um objetivo a conduzir. Precisa passar para os jogadores, para ele ter referência de como as coisas serão.