Uso deste espaço para prestar solidariedade ao colega jornalista Victor Avner que foi expulso da sede do Poder Judiciário alagoano em virtude de uma matéria publicada onde são feitas denúncias sobre o suposto pagamento de horas extras ilegais, que vem sendo apurado pelo Conselho Nacional de Justiça.
Não entro no mérito da matéria. Se há algo que o Tribunal de Justiça discorde (ou a desembargadora Elizabeth Carvalho) – ou se tem sua própria versão para os fatos – que apresente. O Judiciário não é o Olimpo para não ser questionado, nem é composto por deuses metidos em togas.
A transparência que é cobrada do Legislativo, do Executivo e até mesmo dos veículos de comunicação serve também para o Judiciário, que tem que prestar conta de suas ações por se tratar de recurso público como qualquer outro. Se há um festival de “hora-extra” como denuncia o Extra Alagoas em sua edição, que se apure e que os culpados paguem.
Ao Poder Judiciário não pode se dar o luxo de não saber o que é justo e como agir dentro da justiça para assegurar seus direitos. Muito menos de cometer excessos e atentados à liberdade de imprensa. É melhor a imprensa livre – ainda que com eventuais excessos – do que amordaçada pela truculência dos que se acham donos de um poder e fazem da toga, do poder econômico, ou do poder político uma ferramenta de coerção.
Atitude mais sóbria do que expulsar um jornalista de dentro da sede de um poder mantido com dinheiro público e – frise-se: que passa por uma inspeção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) - é dar a sua versão para os fatos, é explicar-se perante a sociedade, o que é dever de todo homem público.
Não se trata aqui de uma defesa corporativista ou da matéria que foi publicada pelo Extra. De fato, não faço juízo de valor sobre o texto publicado, por não ter sido assunto que apurei. Trata-se de garantir o direito a um jornalista – no exercício de sua função – de buscar informações de relevância para a sociedade, como por exemplo, os destinos dos recursos do duodécimo enviado ao Judiciário alagoano.
Assim como foram denunciadas as mazelas feitas com o duodécimo da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, em um passado recente, e que encontrou respaldo no próprio Judiciário quando afastou os deputados estaduais. Conheço Victor Avner e sei de sua boa índole e da conduta honesta no exercício da profissão. O que desconheço – assim como a maioria da população alagoana – são os bastidores de um poder que vive encastelado e que sofre criticas por ser moroso, distante da população, e que – por muitas vezes – tem sua parcela de culpa na promoção da impunidade e na forma como é encarado por alguns usuários da Justiça!
Por isso, segue meu repudio a atitude do Judiciário, que acredito que seja um fato isolado e que não represente o pensamento dos juízes alagoanos. No mais, que a desembargadora Elizabeth Carvalho discorde do Extra – é um direito dela! Até que xingue o jornal em público. Outro direito dela! Mas, que repense seus atos e não atente contra a liberdade de imprensa, uma vez que para eventuais excessos – como operadora do Direito ela deve saber – há outros caminhos, mais nobres, mais coerentes, como explicar à sociedade o teor das acusações e usar da Justiça (no sentido mais nobre da palavra).
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