O escândalo da fraude dos plantões médicos descoberto em Sorocaba (SP), numa operação que envolve até médicos famosos como o neurocirurgião Jorge Pagura (aquele que cuidava do ator Gerson Brenner), na verdade, descortina o que pode ser um gigantesco esquema de fraude em plantões que pode estar acontecendo nos hospitais e postos de saúde públicos do país inteiro.
Os médicos são suspeitos de receber cerca de R$ 15 mil por mês sem trabalhar. O desvio em três anos pode chegar a R$ 1,8 milhão. As investigações também apuram funcionários fantasmas e a prática de falsificações e estelionato. O esquema registrou até um caso de fraude em licitação.
O esquema começou a ser investigado a partir de denúncia de fraude em licitações, e as escutas telefônicas autorizadas pela justiça revelaram um esquema de plantões fantasmas, onde médicos e enfermeiros recebem por plantões que nunca deram.
Segundo o Ministério Público, o esquema pode ter desviado mais de R$ 2 milhões da saúde pública. Apenas em Sorocaba, ao menos 300 mil pacientes podem ter sido prejudicados pela falta de médicos em plantões. O caso é mais grave, diz Velloso, pois pacientes podem ter morrido por falta de atendimento. O promotor diz que o esquema agia desde 2008.
Quem precisa da saúde pública, como a parte da população mais desassistida financeiramente pode constatar bem isso, afinal, basta procurar qualquer uma dessas unidades de saúde, especialmente aos domingos e feriados para constatar que boa parte dos médicos escalonados para esses dias nem dão as caras por lá.
Aos olhos da clientela dos serviços de saúde pública, tudo não passa de mera deficiência por descaso do governo estadual ou municipal, enquanto os médicos e enfermeiros faltosos (ou fantasmas), ainda que não venham a fazer parte de uma quadrilha, se locupletam da desgraça alheia e reforçam suas contas bancárias com os pagamentos dos plantões, desviando dinheiro público, sem qualquer resquício de remorso ou o mínimo de respeito à dignidade das pessoas carentes.
O Estado de Alagoas não é diferente dos demais, e é muito comum nos depararmos com a ausência de médicos nos plantões e certamente não é por falta de médicos, o problema é saber onde eles estão quando deveriam estar nos plantões. Antes mesmo desse caso vir à tona, estivemos em dois postos de saúde em bairros da periferia e, em pelo menos um deles, as 08 (oito) horas não havia nem funcionário, e médico, então, nem se fala, e a informação era que o atendimento somente iniciaria as nove horas. Nesse caso, a questão é: há médicos e estes não estão cumprindo os plantões, ou não há médicos?
É provável que após o escândalo, pelo menos por algum tempo (enquanto estiver na mídia), os plantões em muitos hospitais tenham uma melhora no atendimento com o aparecimento de mais médicos. Serão os fantasmas se materializando.
Fica aqui uma dica para o Ministério Público, que poderá, de ofício, atuar junto aos hospitais e secretarias de saúde para ver a quantas anda o controle dos plantões.
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