O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, admitiu na manhã desta segunda-feira irregularidades na coleta de assinaturas para a criação o PSD. Ele atribuiu a "ingenuidade" de dirigentes regionais a inclusão do nome de mortos na lista de 500 mil assinaturas exigidas pela Justiça Eleitoral. "Não é má fé, é imperfeição ou inocência. Só falta alguém imaginar que a direção do partido está por trás disso", disse o prefeito em sabatina do jornal Folha de S.Paulo, realizada em um teatro do bairro Higienópolis.

A lista de assinaturas de apoio à criação do novo partido do prefeito de São Paulo contou com o nome de pelo menos cinco eleitores mortos em Santa Catarina. A fraude foi identificada pela Justiça Eleitoral do Estado, onde um cartório teve de verificar a autenticidade de 230 assinaturas colhidas em três municípios do Estado. Em São Paulo, funcionários da prefeitura da capital estariam trabalhando no recolhimento de assinaturas e fazendo uso do patrimônio público para angariar apoio ao partido.

Kassab comentou ainda o episódio em que teria invadido o gabinete para ameaçar o antigo aliado Rodrigo Garcia (DEM), que optou por permanecer no antigo partido do prefeito. "É um amigo pessoal, foi uma visita de cortesia e fui alertá-lo", disse. Questionado pelos jornalistas que coordenam o debate sobre uma suposta ameaça que teria feito a Garcia, o prefeito desconversou. "Não fiz isso, perguntem a ele", disse.

Apesar das diversas trocas de partido ao longo da carreira, o prefeito declarou ser "favorável" à fidelidade partidária. Reconheceu que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) é um opositor à criação de seu novo partido, mas evitou classificá-lo como adversário político. Kassab afirmou ainda que seu partido terá como prioridade respeitar o programa partidário. "Todo partido tem programa, mas qual respeita seu programa?", questionou.

Ao longo da sabatina, Kassab ouviu ainda reivindicações encaminhadas por eleitores. Ele declarou que não cumprir 90% das metas que assinou ao assumir a administração é "natural" em função de mudanças no orçamento e nas prioridades da cidade. "Tiramos recursos de grandes obras para aplicar em Saúde e Educação", disse. Cobrado por não cumprir as metas, o prefeito afirmou que "não se tratavam de compromissos".