O líder do partido federalista italiano Liga Norte (LN), Umberto Bossi, questionou neste domingo a liderança de seu aliado de governo, Silvio Berlusconi, e deixou em aberto a manutenção da aliança eleitoral de seu partido com o do primeiro-ministro da Itália.

Bossi, que é ministro para as Reformas do Federalismo, fez um discurso durante um grande ato de sua legenda em Pontida (norte da Itália) que havia gerado muita expectativa, sobretudo depois das derrotas nas eleições municipais e os referendos das últimas semanas.

"Querido Berlusconi, sua liderança como primeiro-ministro está em discussão para as próximas eleições caso não sejam efetuadas uma série de coisas", declarou o líder da Liga Norte em um ato transmitido ao vivo pela televisão e no qual os militantes do partido gritavam "Secessão, secessão!".

"Ninguém disse que nas próximas eleições apoiaremos Berlusconi (...). Se ele não escutar nossas propostas, a liderança de Berlusconi poderia terminar com as próximas eleições legislativas", acrescentou.

O principal aliado do governo do primeiro-ministro, no entanto, não mencionou a data dessas próximas eleições legislativas, que, caso a legislatura chegue ao fim no prazo previsto, acontecerão em 2013, embora as últimas derrotas eleitorais tenham levantado a possibilidade de uma antecipação eleitoral.

Na terça e na quarta-feira o governo comparecerá ao Senado e à Câmara dos Deputados, respectivamente, para checar os apoios parlamentares com os quais conta, como foi solicitado pelo próprio presidente da República, Giorgio Napolitano.

O líder da LN pediu ainda ao ministro da Economia, Giulio Tremonti, que encontre dinheiro para compensar uma redução de impostos e ponha fim à participação da Itália naquelas que definiu como "missões de guerra" internacionais.

"Hoje é possível recuperar dinheiro encerrando as missões de guerra que custam tanto. Só a missão na Líbia, entre bombas e imigrantes em situação irregular (que chegaram à Itália), nos custou 1 bilhão de euros", disse Bossi.

O aliado do governo de Berlusconi mencionou também uma de suas exigências para manter o apoio ao atual Executivo: transferir para o norte da Itália alguns dos ministérios, entre eles o seu próprio e o de seu companheiro de partido, o titular da Simplificação Normativa, Roberto Calderoli.

"Sobre os ministérios, Berlusconi já havia assinado o documento e depois voltou atrás", afirmou Bossi, que advertiu o primeiro-ministro a não dar nada por descontado, visto que seu partido pode chegar a dizer "stop", apesar de não querer favorecer a esquerda se "derrubar o Executivo".