O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, anunciou nesta sexta-feira, 17.06, que a constituição de uma empresa de pesquisa e inovação tecnológica para a indústria, nos moldes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), deverá ter capital privado.

“O investimento não é muito grande, é palatável para o setor. Talvez seja uma empresa criada com capital entre R$ 40 milhões e R$ 50 milhões”, afirmou Andrade, ao final da reunião da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), no escritório da CNI em São Paulo, que teve a presença de cerca de 80 empresários

Para Robson Braga da Andrade, o setor industrial tem pressa na constituição do novo organismo. “No segundo semestre tem de estar funcionando, porque temos um sentido de urgência muito grande. Essas ações têm de ser imediatas”, enfatizou.

De acordo com o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que participou da reunião da MEI, a empresa não será criada do nada. “Ela aproveitará os laboratórios e centros de apoio tecnológico do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, o SENAI, e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, o IPT, entre outros”, explicou. Lembrou que seu ministério reconhece três centros do SENAI como de excelência, pelo alto desempenho.

A nova empresa, que deverá ser uma parceria entre o governo e o setor privado, terá o objetivo de dar suporte à pequena e média empresa para que tenha a inovação como estratégia de desenvolvimento de negócios. A “Embrapi”, como tem sido chamada (ainda não há nome oficial), direcionará os recursos para inovação. “O importante é que ela tenha a capacidade de fazer gestão de fundos setoriais e privados que estejam interessados no investimento em empresas inovadoras. Esses fundos teriam valores muito mais elevados do que o aporte inicial”, completou o presidente da CNI.

Segundo Robson Braga de Andrade, o governo participaria da empresa para dar diretrizes. “O governo pode participar do planejamento dos investimentos. Podemos ter uma espécie de golden share para o governo, para colocar a visão do Estado em questões fundamentais de política de desenvolvimento e ter a participação da iniciativa privada”, disse. Mercadante antecipou que o a iniciativa privada terá mais participantes na gestão, mas o governo exercerá poder de veto.

O ministro da Ciência e Tecnologia revelou ainda que a empresa de pesquisa e inovação tecnológica da indústria deverá firmar parceria com o Instituto Fraunhofer, da Alemanha, um dos maiores centros tecnológicos do mundo, para atender a demanda de inovação no setor.

A MEI é um programa coordenado pela CNI que tem como principal objetivo duplicar o número de empresas inovadoras no país, que era de pouco mais de 40 mil em 2008, último dado oficial disponível. Desde sua criação, há três anos, a MEI tem realizado interlocução mais rápida e fácil entre empresas e governo.

Nacionalização - Robson Braga de Andrade apoiou a intenção do governo, expressa pelo ministro da Ciência e Tecnologia, de condicionar eventuais incentivos fiscais para inovação e também para a produção na indústria à nacionalização de conteúdo.

“É uma visão de que, se a União coloca recursos de incentivos, sejam fiscais, tributários ou de crédito, no desenvolvimento de setores produtivos, é preciso que esses setores estejam também comprometidos com a geração de emprego, de renda e de investimentos no país. É um caminho correto e que no mundo inteiro é adotado”, resumiu o presidente da CNI.