O presidente do PT em Alagoas, Joaquim Britto, se mostrou bastante surpreso com a publicação da matéria Exclusiva do Portal Cadaminuto, revelando que Antônio Cícero Valério da Silva, conhecido como ‘Professor Valério’, está foragido da Polícia Federal e é suspeito de chefiar o esquema que fraudou R$ 12 milhões dos cofres do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

Para Brito, a notícia tomou proporções gigantescas e uma reunião do partido foi convocada às pressas, objetivando traçar o melhor caminho para crise. “Ficamos sabendo pela imprensa sobre a fraude e a suposta participação dele. Daremos o direito da ampla defesa para suas alegações e, logicamente, as medidas cabíveis serão adotadas”, colocou o chefe do PT em Alagoas.

Brito não quis confirmar se Valério faz parte do Diretório Municipal ou Estadual, apenas ressaltou que o suspeito tem ligações políticas com o PT.

Valério ganhou a alcunha de professor depois de assumir a cadeira de Educação Física no colégio Hélio Lemos, pertencente ao deputado estadual Temóteo Correa, de quem Valério já foi cabo eleitoral.

O Cadaminuto apurou que o Professor Valério era figura carimbada nos gabinetes petistas e realizava vários eventos nos bairros da Chã da Jaqueira e Chã do Bebedouro, seus redutos eleitorais.

Um dos poucos integrantes do PT a se manifestar, o deputado Ronaldo Medeiros, que dirigia o INSS na época em que a fraude acontecia, e que curiosamente é do mesmo partido que Valério, disse não ter nenhuma relação com o professor.

“Não tenho nenhuma relação com este rapaz e em meu gabinete ele jamais trabalhou, já que como funcionário público não podia exercer este papel” explicou ele.

Vários internautas, por meio de comentários em matérias publicadas no Cadaminuto sobre a operação, explicaram que estranharam como o Professor Valério enriqueceu tão rápido, andando inclusive com caminhonete de luxo, que teria sido comprada por um parlamentar.

O Cadaminuto também conseguiu fotos do Professor Valério em plena atividade política apoiando torneios de futebol e comemorações do Dia das Crianças. De acordo com as informações colhidas pelo Portal, muitos dos que hoje dizem não conhecer o líder comunitário, participavam destes momentos.

A operação

A Operação CID-F foi deflagrada na manhã da última terça-feira (14) por agentes da Polícia Federal. Durante a ação foram cumpridos mandados de prisão preventiva e de prisão temporária, mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para prestar esclarecidos contra sua vontade) e 25 de busca e apreensão. Vinte e duas pessoas, entre médicos-peritos, servidores do INSS e contadores, estão presas na carceragem da PF, em Jaraguá.

Um servidor do INSS encontra-se foragido, mas advogados asseguraram que ele irá se entregar nos próximos dias. A quadrilha, de acordo com a PF, foi responsável por uma fraude no INSS, que gerou um prejuízo ao órgão de R$ 12 milhões.

A operação recebeu o nome CID-F (Classificação Internacional de Doença) em alusão à nomenclatura do código usado pelos médicos para descrever no prontuário de licença qual a doença do paciente.

O esquema

As investigações começaram em 2010 e correm em segredo de justiça mas, segundo a Polícia, a fraude acontece no INSS desde 2007. A descoberta aconteceu após denúncias que partiram de servidores do órgão. Com a comprovação das denúncias, os agentes da PF conseguiram comprovar os fatos e chegar até os chefes da quadrilha e todos os integrantes.

De acordo com os levantamentos, a Polícia Federal constatou que contadores criavam empresas fantasmas para criar vínculos empregatícios e desta forma conseguir os benefícios dos supostos funcionários junto ao INSS.

Após a criação da empresa fantasma, os contadores mantinham contato com os servidores do órgão para conseguir os benefícios como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. Os médicos integravam a quadrilha, pois eram responsáveis pelos laudos periciais que comprovava os problemas dos beneficiários para serem favorecidos.

Para que os supostos funcionários conseguissem atendimento com os médicos-peritos integrantes da quadrilha, o esquema burlava os procedimentos até que as remarcações pudessem coincidir com peritos da fraude.

As investigações identificaram que dentre os presos, cinco pessoas eram os ‘cabeças da quadrilha’, todos servidores e contadores. Indagado sobre a possibilidade de ramificações, Alexandre Borges disse que todos fazem parte de uma mesma quadrilha.